Aumento do álcool faz pressão sobre a gasolina

O litro da gasolina pode subir mais R$ 0,03 ou R$ 0,04 nos próximos dias por causa da elevação do álcool anidro nas usinas. Em Curitiba, a gasolina era vendida ontem ao preço médio de R$ 2,15, variando de R$ 2,05 a R$ 2,19, enquanto no litoral do Estado, era encontrada entre R$ 2,17 e R$ 2,32 (em Guaratuba). O preço do álcool combustível, comercializado ao preço médio de R$ 1,30 em Curitiba, também deve aumentar. Ontem, alguns postos do Paraná já pagavam R$ 1,24 pelo litro do álcool hidratado, R$ 0,06 a mais do que na última compra.

“É inadmissível trabalhar com uma margem bruta de 5%”, resumiu um dono de posto. “Mas o repasse automático é uma incógnita, porque infelizmente tenho que acompanhar o mercado. Vou esperar para ver o que acontece”, declarou. O álcool anidro representa 25% da composição da gasolina. Já o álcool hidratado (combustível) é obtido com adição de água ao anidro.

Gasolina

O reajuste de 12,8% da gasolina nas refinarias provocou aumentos superiores a R$ 0,20 por litro no preço das distribuidoras, que vendiam o combustível aos postos entre R$ 1,95 e R$ 1,97. A nova pauta do ICMS da gasolina, praticada desde ontem pela Receita Estadual, foi majorada em 12,99%, passando de R$ 2,0698 para R$ 2,3387. “A base de cálculo está cada vez mais longe do preço de bomba”, apontou Marcelo Karam, diretor regional do Sindicombustíveis/PR (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná), referindo-se ao valor médio de R$ 2,15 em Curitiba. O presidente do Sindicombustíveis/PR, Roberto Fregonese, salientou que os preços ainda não estavam estabilizados, porque durante quase todo o dia os donos de postos ainda desconheciam a pauta do ICMS.

Já o litro do diesel passou de R$ 1,40, em média, para R$ 1,55 na capital paranaense. Apesar do novo aumento, a URBS, empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba, informou que não estuda a possibilidade de reajuste das tarifas de ônibus no momento.

GLP

O preço do gás de cozinha (GLP) aumentou cerca de 11% no Paraná, enquanto a Petrobras estimava que a alta ao consumidor seria de 4,9%, em função da elevação de 7,7% nas refinarias. Em Curitiba e Região Metropolitana, o bujão de 13 quilos que custava R$ 27, em média, passou para R$ 30. No Estado, o preço médio saltou de R$ 28 para R$ 31, chegando ao pico de R$ 33 em alguns municípios das regiões Norte e Oeste. “O aumento foi maior que o previsto pela Petrobras por se tratar de um mercado livre”, comentou o presidente do Sinregas (Sindicato dos Revendedores de GLP do Paraná), Stelios Chomatas. “Mas temos certeza que em alguns dias os preços se acomodarão”, salientou.

Gás industrial sobe de novo

O preço do gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha) para uso comercial e industrial terá novo aumento no dia 1.º de janeiro, três dias após o último reajuste anunciado pela Petrobras. A alta será de R$ 112,20 por tonelada e foi informada às empresas do setor no mesmo dia em que foram avisadas do aumento de R$ 52,20, que entrou em vigor no último dia (29).

O novo aumento refere-se ao custo das importações de GLP feitas pela Petrobras, que serão repassados integralmente aos distribuidores do produto. A estatal informou às empresas que importou 54 mil toneladas em novembro e 75 mil toneladas em dezembro. O custo das importações de novembro já foram repassadas no reajuste deste fim de semana. O valor referente a novembro entrará em vigor na quarta-feira.

Cerca de 30% do GLP consumido no Brasil é importado e a Petrobras, em reunião com as distribuidoras, decidiu repassar integralmente o custo das importações, a fim de incentivar as empresas a fazerem suas compras no mercado exterior por conta própria. Este volume é destinado ao consumo residencial e industrial. Os 70% consumidos por residências são produzidos no Brasil e obedecem a um sistema de preços diferente.

Petróleo recua após bater recorde

A informação de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) deve aumentar as cotas de produção de petróleo dos países-membros fez os preços da commodity no mercado internacional recuarem depois de terem atingido nesta segunda-feira os maiores níveis desde o final de 2000.

Uma outra notícia também contribuiu para acalmar o mercado: o ministro de Minas e Energia da Venezuela, Rafael Ramirez, prometeu que o país vai dobrar a produção de petróleo na semana que vem.

No meio da tarde de ontem, em Londres, o barril de petróleo tipo brent para entrega em fevereiro estava sendo negociado a US$ 29,72, com baixa de 1,45% em relação aos US$ 30,16 da última sexta-feira.

Em Nova York, o preço do barril do petróleo de referência (tipo “light sweet crude”) era de US$ 32,15, caindo 0,57%. Na abertura, a cotação era de US$ 33,17.

As cotações estão em elevação há duas semanas mas, ontem, atingiram o patamar recorde dos últimos dois anos, pressionadas pela crise política na Venezuela e pela iminente guerra entre Estados Unidos e Iraque.

Na Venezuela, uma greve geral que já dura 29 dias praticamente paralisou a produção de petróleo. O país é o quinto exportador mundial e cerca de 80% do seu PIB vem dessa atividade.

Quanto ao conflito entre EUA e Iraque, uma guerra parece inevitável e analistas até já fazem previsões quanto à data em que começaria: março.

Ontem, um representante de um dos países-membros da Opep disse que a Organização deve aumentar em cerca de 500 mil barris diários sua produção se os preços se mantiverem elevados nas próximas duas semanas.

Existe um acordo informal entre esses países que prevê o aumento das cotas caso a cotação da cesta de referência de produtos do cartel fique acima de US$ 28 por mais de 20 dias.

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