Aumento da gasolina faz crescer as conversões

No elenco de alternativas que os donos de veículos movidos a gasolina vêm relacionando para conseguir reduzir os gastos com o combustível, a conversão de motores para álcool ocupa posição de destaque. Segundo os proprietários de oficinas que oferecem este tipo de serviço, desde os reajustes do ano passado, houve um “boom” no número de pessoas interessadas no serviço. Esse interesse não foi abalado, por enquanto, nem com o último aumento do valor do litro do álcool, que deixou muitos consumidores insatisfeitos.

De acordo com Luiz Marcolin Neto, dono da oficina Convertec, em seu negócio são realizadas, em média, sete conversões de motores por dia. “Antes, era muito raro haver a solicitação por este tipo de serviço nas oficinas. Depois que o preço da gasolina começou a aumentar constantemente, a conversão se tornou um dos serviços mais realizados”, explica. “Vamos implementar novos serviços, porque tememos que a alta no preço do álcool diminua o número de pessoas interessadas pela conversão. Embora não tenha ocorrido isto nesta primeira semana de novos preços, estamos nos precavendo.”

A razão para não ter diminuído a procura pelo serviço é simples: quem faz a conversão continua tendo vantagens, e poupando 30% do que normalmente gastaria se o carro continuasse com um motor à gasolina. “Antes do aumento no álcool, a diferença era de 50%”, lembra Neto, ressaltando que o cálculo já leva em consideração a elevação no consumo de combustível. “O carro a álcool, independentemente de ter sofrido ou não a conversão, queima mais combustível do que o a gasolina. Mesmo assim, essa mudança é rentável para os motoristas.”

Segundo Neto, o consumo de combustível fica 15% maior. Um carro de motor a gasolina, que faz 10 km/l, quando muda para álcool passa a percorrer com a mesma quantidade de combustível 8,5 km.

O empresário Paulo Roberto Lima confirma o dado. Ele já fez a mudança em dois veículos: um Gol 1000, há pouco mais de um ano, da sua empresa, e mais recentemente, no seu próprio carro – um Tempra Turbo. “O carro consome mais, mas de todo modo compensa tanto no aspecto econômico quanto do ponto de vista ecológico, visto que o veículo a álcool emite menos poluentes”, avalia.

Serviço

Em qualquer tipo de veículo ? seja um modelo mais antigo, com carburador, seja um automóvel mais novo, com injeção eletrônica ? é possível fazer a conversão. Nos modelos mais novos, a principal alteração é a instalação de um chip que remapeia o sistema de injeção e ignição. Vale destacar que a conversão é reversível. “Se o cliente quiser, ele pode voltar a ter o motor a gasolina”, destaca. Em geral, o chip é instalado em baixo do porta-luvas.

Segundo a Convertec, o serviço é feito em um dia e varia de R$ 400,00 a R$ 500,00, conforme o carro. Além da mudança no motor, o motorista pode optar por trocar a bomba de combustível que, segundo o proprietário da oficina, é o único componente do veículo que pode vir a apresentar algum problema no futuro. “Recomendamos a troca da bomba de gasolina para a de álcool para eliminar qualquer possibilidade de um transtorno futuro, que poderá ocorrer ou não”, pondera. A troca nas bombas tem um custo em torno de R$ 80,00. “Quanto aos demais componentes do veículo, inclusive o motor, garantimos que não existe o menor risco de serem danificados em função da conversão”, assegura Neto. “Fizemos a conversão no carro da minha esposa, há dois anos, e ele nunca apresentou problemas.”

O empresário Paulo Roberto Lima diz que o Gol da sua empresa já percorreu mais de 30 mil quilômetros, desde que foi mudado o motor e, jamais apresentou problemas. “Já recomendei para uns vinte amigos e todos estão satisfeitos”, comemora.

Sobre a possibilidade de converter o motor para gás natural, Lima lembra que chegou a cogitar esta idéia, mas acabou desistindo por temer que seus automóveis perdessem a potência. “Todas as pessoas que eu conheço que optaram pelo gás reclamaram desse problema. Com o álcool, entretanto, a potência do meu carro até aumentou”, afirma.

Corrosão

Para o mestre em combustíveis alternativos e professor do Cefet-PR, Ivan Darwiche Rabelo, o álcool apresenta elementos mais corrosivos do que a gasolina. Portanto, ele recomenda que os motoristas dediquem uma atenção especial às mangueiras e bicos injetores, pois conforme o grau de resistência desses componentes, eles podem se romper. “O ideal é adaptar todo o conjunto de peças ao sistema de álcool”, sugere.

Na opinião do dono da Auto Mecânica Finkler, Sérgio Finkler, além dos riscos à mecânica dos automóveis, quando este tipo de serviço não é feito de maneira correta, a economia não acontece. “O que o indivíduo economiza com o valor do litro do álcool, gasta no aumento de consumo”, ressalta, dizendo que para não se frustrar com o serviço, a pessoa deve solicitar uma conversão completa. “Existem oficinas que realizam uma alteração parcial no sistema. Nesses casos, os resultados não conseguem corresponder as expectativas”, afirma.

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