O relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), afirmou nesta quinta-feira, 14, que continua aberto a negociações para alterar a proposta, principalmente mudanças que tragam voto. Em entrevista coletiva após discursar no plenário da Casa, ele afirmou que o texto permanecerá em aberto até a conclusão da votação da matéria no plenário, em fevereiro do próximo ano.

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“Continuamos com as portas abertas no sentido de fazer as modificações, sobretudo aquelas que trazem apoio à reforma. (…) O texto vai ficar em aberto até a votação do último destaque (sugestões de mudança)”, disse Oliveira Maia. Ele ponderou, contudo, que não vai aceitar mudanças que mexam no que considera como “cláusula pétrea” da reforma, entre elas, a fixação da idade mínima em 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens) e o teto do INSS.

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Uma das mudanças em negociações é em relação à regra de transição para servidores públicos que ingressaram antes de 2003 poderem se aposentar com o maior salário da carreira e com reajustes reais idênticos aos servidores da ativa, as chamadas integralidade e paridade. O relator admitiu que ofereceu à categoria a mesma regra de transição que tinha oferecido durante a discussão da matéria na comissão especial, em maio, mas que foi rejeitada pela categoria.

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Pelo texto da reforma aprovado na comissão, servidores que ingressaram até 2003 deverão cumprir idade mínima de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens) para se aposentarem com direito a integralidade e paridade. Com a crítica dos servidores, que detêm relevante poder de mobilização no Congresso Nacional, o governo aceitou negociar uma regra de transição.

“Tínhamos feito uma proposta aos servidores em maio, e os servidores não aceitaram. Agora, estamos devolvendo a mesma proposta”, disse. A proposta do relator era para que esses servidores pagassem um “pedágio” de 50%, ou seja, trabalhassem metade do tempo de contribuição que falta hoje para se aposentarem. Em troca disso, a idade mínima para eles seria reduzida para 60 anos.

O relator negou, porém, que a concessão aos servidores vá de encontro ao discurso do governo de que a reforma vai combater privilégios. “Se estamos combatendo a possibilidade de servidores ganharem como antes, estamos combatendo privilégio”, disse. Ele admitiu que integralidade e paridade são “benefícios enormes”, mas ressaltou que estão previstos na legislação previdenciária.

“É natural que uma categoria faça uma reivindicação e o governo possa ceder, para conquistar algo bem maior, que é o fim dos privilégios e sistema igual para todos”, declarou Oliveira Maia. Ele justificou que ele e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiram não ler o novo texto nesta quinta no plenário em razão do baixo quórum na Casa. “Poderia parecer que estávamos colocando o projeto em dia esvaziado com propósito de evitar discussão”, disse.