Argentina usa obras públicas para driblar recessão

A presidente Cristina Kirchner começará a anunciar de forma gradual, ainda nesta semana, as diversas partes de um plano de obras públicas e créditos para o setores agrícola, industrial e de consumo. O objetivo é evitar – ou pelo menos paliar – a recessão econômica que começa a pairar sobre a Argentina.

O governo está preocupado pelo clima social tenso que começou a despontar nas últimas semanas, provocado pela série de demissões, férias coletivas e redução drástica de horas extras implementadas por indústrias e comércios. Analistas sustentam que governo tenta desesperadamente afastar o fantasma de demissões em massa e, assim, evitar a queda de popularidade do governo, que está de olho nas decisivas eleições parlamentares do ano que vem.

O plano de obras públicas envolve fundos de US$ 13 bilhões. Além das obras, o governo abriria uma linha de crédito do estatal Banco de la Nación, de US$ 1,39 bilhão para o setor agropecuário, indústrias e consumo.

O plano está vinculado ao sucesso da aprovação, nesta quinta-feira, do projeto de lei de reestatização da aposentadoria privada, atualmente nas mãos dos Fundos de Pensões, conhecidos na Argentina pela sigla AFJPs. Se o Senado aprovar o projeto de Cristina, a presidente passará a contar com US$ 5 bilhões adicionais por ano, relativos às contribuições sociais. Além disso, terá disponibilidade sobre outros US$ 33 bilhões de investimentos das AFJPs.

O diretor da ANSES (o sistema previdenciário estatal argentino), Amado Boudou – que passará a controlar os fundos provenientes do sistema privado, se o projeto for aprovado – afirmou que “os excedentes do setor serão orientados como créditos para os investimentos produtivos e a infra-estrutura, de forma a manter o nível de emprego”.

Nas últimas três semanas, a Argentina começou a ser atingida por uma onda de demissões, férias coletivas e suspensões de trabalhadores, além de redução de horas extras e eliminação dos terceiros turnos de trabalho. Os setores mais castigados pela crise são o automotivo, têxteis e plásticos.