Argentina ataca nossos carros

Buenos Aires – Enquanto a “guerra das geladeiras” entra em uma etapa decisiva, a Argentina pode declarar ao Brasil nos próximos dias uma nova frente de batalha que envolveria o comércio de automóveis e auto-peças entre os dois países. A ameaça foi feita pelo próprio ministro da Economia, Roberto Lavagna, que declarou que daqui a duas semanas pretende iniciar uma revisão “concreta” do acordo automotivo Brasil-Argentina.

O acordo de comércio controlado termina em 2006, quando será totalmente liberado. Mas o governo do presidente Néstor Kirchner quer que antes disso seja definido que tipo de automóveis cada país fabricará.

Na capital argentina o governo sustenta que está ocorrendo uma “invasão” de automóveis e autopeças brasileiras e que o setor está ficando perigosamente “abrasileirado”. Os empresários de autopeças alertam para o fato de que a uma década nove de cada dez automóveis tinham um motor fabricado na Argentina. Mas, desde o ano passado, não se fabricam carros com motores argentinos.

Segundo o Centro de Estudos Bonarenses (CEB), a Argentina foi a responsável por somente 2,5% dos automóveis vendidos no Brasil. Na direção contrária, o Brasil foi responsável por 60% das vendas automotivas dentro do mercado argentino.

A Associação de Fabricantes de Autopeças da Argentina (Afac) sustenta que pelo menos quatro empresas de autopeças preferiram deixar o território argentino e instalaram-se no Brasil, onde – segundo acusa o governo argentino – os municípios e estados brasileiros ofereceriam sedutores incentivos fiscais.

Mais guerra

O próprio Kirchner envolveu-se diretamente na guerra comercial com o Brasil e disse que as restrições poderiam ser ampliadas para outros setores, entre eles, o dos têxteis.

Além dos têxteis, os negociadores brasileiros terão que enfrentar o ataque, nos próximos dias, dos empresários do setor moveleiro argentino, que alegam que ocorre uma suposta “avalanche” de móveis fabricados no Brasil. Segundo os empresários nativos, entre janeiro e abril deste ano entraram na Argentina 184% a mais de móveis do que no mesmo período do ano passado.

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