Influenciado sobretudo por um enfraquecimento global, o dólar fechou o dia com a terceira queda consecutiva, em R$ 3,8252, em baixa de 0,62% e no menor patamar desde 10 de abril. Com isso, na semana, a moeda acumulou queda de 1,90% ante o real. A perda de fôlego tem como principal pano de fundo a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de quarta-feira, que indicou que os EUA podem não estar longe de um novo corte na taxa de juros, confirmando uma expectativa do mercado e retirando pressão principalmente sobre moedas emergentes.

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A queda ante o real foi mais intensa nesta sexta-feira, 21, do que em relação à maioria dos outros emergentes, em uma correção aos movimentos de quinta-feira dos mercados globais, feriado de Corpus Christi no Brasil. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas emergentes, tinha queda de 0,48% no fim da tarde desta sexta.

“Lá fora temos o dólar perdendo força, num processo de inflexão global. Isso é o pano de fundo. Junta com otimismo do mercado interno e a gente vê o dólar caindo ante o real”, apontou o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior. Ele ressalta que a decisão do Fed de quarta-feira “mostrou que falta muito pouco para o corte de juros”, o que retira pressão do dólar sobre moedas emergentes, à medida que diminui o risco de uma migração de fluxo estrangeiro para os Estados Unidos.

Ele aponta que mesmo a queda da taxa de juros no Brasil, que na interpretação do mercado foi sinalizada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) também na quarta-feira, não tem força suficiente para amenizar o enfraquecimento do dólar frente ao real. “O Copom vai cortar juros, vamos dizer 1,50 ponto até o fim do ano após aprovar a reforma da Previdência, mas Fed corta 0,75 ponto. O 1,50 ponto aqui perto dos 0,75 ponto nos Estados Unidos não são nada”, disse.

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O operador de câmbio da CM Capital, Thiago Silêncio, destaca que contribuiu para a perda de fôlego do dólar nesta sexta, ainda, números acima do esperado do setor industrial alemão.

O indicador atingiu os 45,4 pontos na leitura preliminar de junho, maior nível em quatro meses, ainda que permaneça abaixo dos 50 pontos, que indicam contração da atividade.

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Além disso, um dos pontos de tensão que pesava sobre os ativos globais foi aliviado após o presidente Donald Trump ter cancelado ataque autorizado quinta à noite ao Irã. “O mercado deixou o lado geopolítico de lado e ficou olhando os números que justificavam dólar para baixo”, disse. Ajuda o real ainda uma alta no preço do barril de petróleo.

Internamente, favorece o real um clima de otimismo de que será viável aprovar a reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados antes do recesso de meio de ano. A notícia, de quinta-feira, de que o presidente Jair Bolsonaro estaria disposto a tentar uma reeleição não chegou a impactar os ativos.