O governo não pretende apressar uma revisão do Inovar-Auto, instrumento de incentivo fiscal ao setor automotivo, nem mesmo depois de ser condenado na Organização Mundial do Comércio (OMC). Quem faz a afirmação é o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, depois de fazer uma visita à sede da entidade internacional em Genebra.

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“Na verdade, esses programas estão sendo revistos. Temos um tempo para isso. Não há necessidade de uma sangria desatada para sair correndo, tomando medidas de um dia para o outro”, disse o ministro.

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Na maior derrota do Brasil em 20 anos na OMC, o governo foi condenado em sua política industrial. Os árbitros da entidade exigem que sete políticas de incentivos fiscais e redução de IPI adotados ainda pelo governo de Dilma Rousseff sejam abandonadas ou completamente reformadas. O governo brasileiro indicou que irá recorrer da decisão, o que deve ocorrer a partir de fevereiro.

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Iniciado em 2014, o processo constatou que as leis nacionais são “inconsistentes” com as regras internacionais, “ilegais” do ponto de vista dos acordos assinados pelo Brasil e que a isenção é, no fundo, um “subsídio proibido”.

“É uma decisão preliminar”, disse Pereira. “Não precisamos ter pressa. Está cedo ainda. Não há por que fazer nada agora”, insistiu.

Segundo ele, o Inovar-Auto vai até final de 2017 e, nos bastidores, a diplomacia brasileira deve usar todos seus prazos para arrastar o caso até seu último dia. “Não há por que tirar agora”, afirmou o ministro. Ele admite, porém, que já está em discussões com o setor automotivo para rever as regras para 2018. “Isso será feito dentro dos padrões da decisão (da OMC)”, disse.

“Estamos em discussões, incipientes, com o setor sobre um novo programa de apoio para depois do término (do Inovar-Auto)”, contou.

Pereira evitou dizer se considerou que a decisão dos árbitros foi justa. Mas insistiu que a lei, mesmo condenada, “foi importante”. “Estive no Salão do Automóvel (em São Paulo) e eles denominaram informalmente como o salão do Inovar-Auto”, disse. “Mais de cem lançamentos de componente ou veículos decorrentes do Inovar-Auto estavam ali. A Mercedes do Brasil e a BMW estão hoje exportando aos EUA”, afirmou.

“Houve um ganho também. Não vamos retirar hoje. Não tem por que retirar hoje. Temos tempo”, completou.