A compra da construtora AHS Residential, nos Estados Unidos, pode ser o primeiro passo para uma atuação global da MRV Engenharia. “Pretendemos ser uma plataforma mundial de construção”, afirmou o controlador do grupo, Rubens Menin, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

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A MRV vai investir US$ 236 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) para ficar com 51% na AHS, empresa fundada e controlada por Menin. A medida causou desconfiança de acionistas, que viram possível conflito de interesses. A ação fechou em queda de mais de 6% no pregão de quarta-feira, mas se recuperou nesta quinta-feira, 5, com alta de 0,79%.

Na quinta, Menin convocou reunião com analistas e investidores para explicar que a operação foi endossada por um comitê independente com quatro membros e pelo conselho de administração. Falta agora a aprovação dos acionistas na assembleia marcada para 4 de outubro. Questionado se vai votar na assembleia, não quis comentar. Menin detém 32,6% da MRV. É, portanto, decisivo em qualquer deliberação.

O executivo também ressaltou que todos os recursos investidos na AHS vão para projetos. “Não estou botando nenhum dinheiro no bolso. Tudo está entrando na empresa”, disse.

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Os atuais acionistas da AHS – Rubens Menin (95%) e o fundo Silverpeak (5%) – não venderão ações, sendo diluídas para 46,3% e 2,7%, respectivamente.

Os resultados da AHS aparecerão no balanço da MRV já no quarto trimestre. O investimento virá de recursos próprios da MRV, que tinha R$ 2,5 bilhões em caixa no fim de junho.

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Aposta. Com a AHS, fundada em 2012, Menin acredita que pode ser competitivo em um segmento onde diz haver pouca concorrência: a construção de moradias para pessoas de classe média baixa nos EUA. Esse segmento, disse ele, é hoje atendido apenas por empresas regionais, sem escala.

Ao contrário da MRV, a AHS aluga os apartamentos, em vez de vendê-los. A companhia atua em todo o ciclo: compra de terrenos, desenvolvimento de projetos, construção, locação, administração dos prédios e venda a fundos de investimento.

O plano para a AHS é ampliar o portfólio de apartamentos sob gestão de 700 unidades, em 2019, para 5 mil, em 2023, quando se concretiza o novo ciclo de investimentos. Além de Miami, a previsão é ir para Atlanta, Dallas, Houston e Denver.

A ocupação dos imóveis, segundo a AHS, é hoje de 97% dos imóveis e a inadimplência está abaixo de 1%. A receita da companhia com locações é de US$ 20 milhões. A previsão é de fechar o ano com lucro líquido de US$ 6 milhões – resultado auxiliado pela venda de um prédio a um fundo de investimento.

Apesar do otimismo do empresário, analistas ainda entendem que a empreitada embute riscos. “Se o mercado lá é tão lucrativo, por que ninguém fez isso até agora?”, questionou um profissional. Outro analista teme que a MRV possa perder o foco das operações nacionais. “O mercado aqui está cheio. Se de alguma forma perderem o foco vão ser ultrapassados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.