As distribuidoras de energia entraram com pedido para derrubar uma decisão judicial que protege a concessionária Energia Sustentável do Brasil (ESBR), dona da hidrelétrica de Jirau. Na ação, 37 concessionárias, entre elas a Eletropaulo e a Light, alegam ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) que o processo oferece vantagens indevidas para a usina e “acarreta em impacto financeiro direto para as distribuidoras e para a modicidade das tarifas dos consumidores finais”.

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também entrou com pedido de suspensão da mesma sentença contra Jirau no TRF-1, conforme revelado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, na segunda-feira, dia 14. A agência menciona o risco de destruição de “toda a credibilidade” do governo perante os investidores, o que pode gerar uma “nova crise nos moldes da ocorrida em 2001”, ano do racionamento de energia.

Trata-se de uma estratégia da agência e das empresas para fazer valer uma decisão tomada pela diretoria do órgão regulador em abril. Na época, a agência negou o pedido de adiamento da entrega da obra feito por Jirau devido a eventos que comprometeram os cronogramas da construção, como greves, invasões e burocracias ambientais. A ESBR pedia 535 dias de adiamento, mas teve reconhecidos apenas 239 dias. A empresa, portanto, teria de responder sozinha por 296 dias de atraso e pagar pela energia que deixou de entregar no período às distribuidoras.

Duas semanas depois, no entanto, a Justiça Federal de Rondônia (JF-RO) deu sentença em primeira instância favorável à concessionária de Jirau, reconhecendo os 535 dias pedidos pela usina. Com essa decisão na mão, Jirau tenta agora transformar o prejuízo que teria em um lucro.

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A decisão da JF-RO libera Jirau de entregar energia para as distribuidoras mesmo quando já estava em operação. Na prática, a usina ficaria livre para vender sua produção no mercado de curto prazo, a preços muito maiores, inclusive a energia que já entregou, pois a decisão tem efeito retroativo.

“Assim, o ônus do qual a decisão judicial dispensou a ESBR recairá integralmente sobre os consumidores domésticos”, alegam as distribuidoras na ação. Segundo a defesa das empresas, Jirau tenta busca apoio em decisão judicial “nitidamente para privilegiar interesses privados em detrimento ao interesse público, consubstanciado na modicidade tarifária”.

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Nos cálculos da Aneel, as distribuidoras de energia teriam que pagar R$ 5,2 bilhões pela energia que Jirau deixaria de entregar, “com impacto médio nas tarifas de aproximadamente 5,2%”. Somado a isso, os efeitos pretéritos da decisão obrigariam as concessionárias a devolver R$ 2,2 bilhões para Jirau.

A defesa cita reportagem publicada pelo Broadcast em 9 de setembro, sobre carta enviada por Jirau à Aneel e às empresas com uma proposta de pagamento dessa dívida em 15 anos.