Apesar de os líderes das 20 maiores economias do mundo terem reiterado, no final de semana, o compromisso de não intervir no câmbio para tentar ganhar vantagens competitivas, as moedas de países emergentes têm vivido um período bastante turbulento desde que a crise financeira começou, em 2007.

continua após a publicidade

A cotação do won sul-coreano está próximo de níveis não vistos desde a crise financeira, enquanto a rupia indiana atingiu níveis abaixo dos vistos durante a liquidação relâmpago de ativos emergentes, em 2013.

Em geral, a desvalorização da moeda traz benefícios às exportações dos países. Desta vez, entretanto, a regra não tem funcionado tão bem.

Entre os motivos, analistas apontam para a desaceleração da economia da China e o tombo dos preços do petróleo. Sozinhos, estes dois fatores prejudicam decisivamente os exportadores de commodities.

continua após a publicidade

Os efeitos também são sentidos nos Estados Unidos, onde a valorização do dólar é um dos motivos que tem dificultado a intenção do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) de elevar os juros.

A ameaça de uma alta nos juros da maior economia do planeta tem mantido as moedas emergentes sob estresse desde que Ben Bernanke, o então presidente do Fed em 2013, indicou o início do fim programa de compras de ativo da instituição. O anúncio trouxe pânico ao mercado financeiro, que retirou rapidamente seus recursos dos países emergentes, em um momento apelidado depois de “taper tantrum”.

continua após a publicidade

Governos de países dependentes das receitas de commodities, como a Malásia e a Indonésia, têm visto suas finanças deteriorarem nos últimos anos. Segundo estimativas do Goldman Sachs, o petróleo contribuía com 30% das receitas do Orçamento malaio quando o barril estava perto dos US$ 100. Hoje, com a queda para a região dos US$ 30 por barril, a estimativa é que a commodity contribua com 10% das receitas.

Outros, com a China, decidiram elevar seu déficit fiscal para tentear impulsionar a economia. O resultado, no entanto, tem sido alta do déficit governamental e pressão sobre suas moedas.

A tendência de depreciação atinge inclusive as divisas de países que convenceram os mercados que implantariam reformas econômicas, como a Indonésia e a Índia. A queda, no entanto, foi menor do que a de países que não fizeram o movimento, como o Brasil e a África do Sul.

Medido em dólares, o valor do comércio global recuou 13,8% em 2015, de acordo com o escritório de análise de política econômica da Holanda. Em volume, a queda foi de 2,5%.

Segundo a Capital Economics, embora menor, o volume exportado ainda é melhor do que o visto em 2012. “Boa parte da desaceleração das exportações ficou concentrada em economias emergentes, principalmente na Ásia”, escreveram analistas da consultoria.

Dados divulgados este ano mostram que a fragilidade do comércio global continua em 2016. Na semana passada, Taiwan, Hong Kong e Tailândia divulgaram números de sua balança comercial que ficaram abaixo das expectativa do mercado. A tendência deve continuar esta semana, quando a Coreia do Sul publicar suas exportações, estima o banco ANZ. Fonte: Dow Jones Newswires.