Apesar das turbulências que marcaram o mercado financeiro em junho (e ainda não cessaram), os analistas de mercado acreditam que o cenário tende a se acalmar. Oscilações são possíveis, motivadas principalmente por fatores externos, como o desaquecimento da economia norte-americana. Mesmo assim, a expectativa a médio prazo é que o câmbio se acomode abaixo de R$ 2,80 e a Bolsa reverta o desempenho negativo. Nesse quadro, os fundos DI continuam sendo as aplicações mais recomendadas aos investidores.

A partir do fechamento dos balanços do primeiro semestre de instituições financeiras e fundos de pensão, o mercado deve ficar mais calmo, comenta Ricardo Moraes Filho, diretor da Spirit Corretora de Valores, que acredita na recuperação da Bolsa e na cotação do dólar abaixo de R$ 2,80. “Com a flexibilização das metas de inflação, existe espaço para corte da taxa de juros na próxima reunião do Copom. É um grande motivador para as bolsas, ao mesmo tempo que a partir de 15 de julho começa vigorar a isenção de CPMF em ações, que é mais um atrativo”.

Na opinião de Moraes, a campanha eleitoral pode influenciar o mercado, mas a tendência é de estabilidade. “Com as chapas definidas, daqui para frente os números das pesquisas serão mais reais”, avalia. A preocupação maior, pondera, é com o mercado externo. “Temos que ficar de olho nos EUA, onde a Bolsa de Nova Iorque e a Nasdaq vem caindo no ano, e também na situação do México, grande parceiro econômico dos EUA, que começa a ter problemas de déficit”.

Rogério Garrido, gerente de renda variável da Omar Camargo Corretora, concorda que a alteração das metas de inflação anunciadas pelo governo brasileiro melhorou o humor dos investidores. “Isso abre espaço para reduzir a taxa de juros. Juros em baixa reflete Bolsa em alta”, ressalta, lembrando que os preços de muitas ações se tornaram atrativos com as quedas recentes.

Investimentos

Onde investir, então, na atual conjuntura? “A escolha depende do perfil do investidor. Em períodos de instabilidade política, o melhor que ele tem a fazer é aplicar em papéis pós-fixados vinculados ao DI, tanto fundos DI como CDB vinculados ao DI”, recomenta Geórgia Sarraff, gerente de renda fixa da Omar Camargo. “Para o investidor conservador, o ideal é continuar investindo em fundos DI, não deixando de procurar conhecer os papéis que compõem a carteira do fundo”. O investidor arrojado, por sua vez, pode se aventurar em fundos derivativos, diz ela.

Já a Spirit recomenda aos clientes conservadores uma carteira misturando fundos DI e CDB pré-fixados. “Os CDBs são uma boa alternativa em função da volatilidade do mês de junho, quando as taxas subiram bastante”, observa Moraes. Com relação aos fundos, passaram a ser recomendados novamente passada a flutuação decorrente da implementação da marcação a mercado. “Em médio prazo, os fundos DI pagarão mais que a CDI já que os fundos haviam feito provisões grandes de perdas, que tendem a ser revertidas”, salienta.

Para clientes moderados e agressivos, o diretor da Spirit sugere ainda a compra de uma carteira de ações, limitada a 30% do patrimônio, em empresas de primeira linha, como Copel, Itausa, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Copene, Embraer e AmBev. Moraes não aconselha se posicionar nas empresas exportadoras, que foram bastante beneficiadas pela alta do dólar.

O gerente de renda variável da Omar Camargo alerta que os investidores estejam atentos às divulgações de fraudes nos balanços de grandes corporações dos EUA. “Se isso se tornar uma ameaça constante, a Bolsa pode cair. O investidor precisa estar preparado para uma reviravolta, sempre procurando orientação de corretora”, acentua.

É hora de vender os dólares

Os recordes históricos alcançados pelo dólar – chegando à R$ 2,93 ontem de manhã, um dia depois do oitavo aniversário do Plano Real – podem representar uma oportunidade para quem tem a moeda norte-americana guardada. “O momento é oportuno para a venda já que, com o registro dos candidatos à Presidência da República no TSE, a partir da próxima sexta-feira, e com a definição das propostas de governo de cada um, a tendência é de que a moeda volte, gradativamente, a um estágio mais estável”, analisa o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças/Paraná (Ibef/PR), Amassir José Pansolin.

A venda do dinheiro pode representar uma alternativa para quem tira férias de inverno e pretende fazer turismo interno, exemplifica o economista, recomendando cautela para quem deseja viajar para o exterior. “Neste caso, o mais sensato é aguardar até o final do ano, quando os rumos políticos deverão estar definidos, após as eleições”, opina. Para Pansolin, a oscilação atual do mercado financeiro brasileiro é fruto de especulação, portanto não há motivos para a população temer uma crise econômica. “Independente do candidato que ganhar as eleições, a economia do País é estável, portanto, não há motivos para temer”, considera.

Como existe perspectiva de recuo no dólar, os fundos cambiais não são aplicações recomendáveis na atual conjuntura. Quanto ao ouro, cuja cotação varia em função da oscilação do dólar comercial, a projeção também é de queda. (OP)

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