O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, previu hoje que o comércio entre o Brasil e os outros países dos grupos BRIC e Ibas (Rússia, Índia, China e África do Sul) este ano fique perto de US$ 60 bilhões, “no mínimo”. Ele lembrou que no ano passado o comércio externo brasileiro com esses países foi de US$ 50 bilhões e 2009 foi um ano de crise. Segundo Amorim, está ocorrendo “um redesenho do mundo” em que os países dos dois grupos estão ganhando importância.

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Segundo Amorim, os cinco países não querem ser “a aristocracia dos emergentes”. De acordo com ele, o que eles querem é “contribuir para um mundo mais democrático em que as vozes dos pobres sejam ouvidas”. Ele citou, ainda, que em reuniões entre bancos comerciais e bancos centrais dos países citados, serão atadas as questões do comércio em moedas locais e de facilitação do comércio.

O ministro do Comércio e Indústria da Índia, Anand Sharma, afirmou que “são os países de BRIC e Ibas que garantiram que o mundo se recuperasse antes da recessão”.

No primeiro encontro empresarial Bric-Ibas – reunindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, os representantes dos países, com exceção da China, se mostraram mais como competidores por recursos internacionais do que como parceiros complementares. Nas apresentações, destacaram-se as oportunidades de investimento em cada país.

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O representante da Índia no painel de infraestrutura, Amrish Jain, comentou que o país precisa de investimento de US$ 1,4 trilhão em infraestrutura até 2017. O vice-presidente das indústrias Praj, na Índia, Vikram Pandit, disse no painel de energia que o consumo por habitante de energia elétrica em seu país é um sexto da média mundial. “Gostaríamos de estar em pé de igualdade, definitivamente”, afirmou.

Por sua vez, o vice-presidente da unidade de negócios da África do Sul, Mthunzi Mdwaba, disse que seu país precisa duplicar a geração de energia em 20 anos.

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O diretor do departamento de cooperação internacional da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia, Sergey Vasiliev, comentou que seu país precisa de investimentos em rodovias, aeroportos e portos. De acordo com ele, com o fim da União Soviética, os principais portos do antigo bloco ficaram em outros países e não na Rússia.

O responsável pela gestão corporativa da Odebrecht Infraestrutura, Carlos Hermanny, disse que o Brasil tem se mostrado um país atraente para os investidores internacionais e que possui vantagens, como a estabilidade de regras. No entanto, ele criticou a modelagem de alguns projetos, como os dos aeroportos, a alta taxa de juros e a demora no licenciamento ambiental. O executivo se queixou ainda da falta de informações específicas no caso da licitação do trem-bala.

Já o diretor do departamento de Promoção e Investimento do Itamaraty, Norton Rapesta, afirmou que a reunião é de aproximação entre as comunidades empresariais para gerar negócios no futuro e que os chineses teriam interesse em ampliar os investimentos no país.

No caso da China, o vice-presidente do Conselho Chinês para Promoção do Comércio Internacional, John Zhang Wei, afirmou que há complementaridade na energia já que Rússia e Brasil são exportadores de recursos energéticos e China, Índia e África do Sul são consumidores de energia. Por outro lado, afirmou que “a valorização dos preços dos alimentos está ameaçando nossa segurança alimentar”. Para o Brasil, a alta dos preços de alimentos exportados é benéfica. John Zhang Wei propôs que todos os países emergentes façam um sistema de troca de informações sobre agricultura de maneira a evitar a oscilação de preços.