Amorim acha difícil chegar a acordo sobre livre-comércio na cúpula de Lisboa

Lisboa (Portugal) – O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, disse que a primeira Cúpula União Européia-Brasil, no dia 4 de julho, em Lisboa, torna-se ainda mais importante após o fracasso da reunião de Potsdam (Alemanha), na semana passada, sobre a Rodada Doha.

"Isso torna a cúpula mais importante, porque [a negociação sobre liberalização comercial] será um dos temas, e nós vamos procurar nos aproximar. Penso que se poderá avançar mais. Mas, se com quatro já era muito difícil levar um acordo para o conjunto dos 150, com dois será mais difícil ainda", afirmou Celso Amorim, numa entrevista exclusiva à Agência Lusa.

Os números referem-se, respectivamente, aos integrantes do G 4 (Brasil, Índia, União Européia e Estados Unidos, os negociadores da Rodada Doha), ao total de membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) e aos dois que estarão reunidos na próxima semana: Brasil e UE.

Brasil e Índia decidiram retirar-se das negociações sobre a Rodada Doha por causa da relutância dos países desenvolvidos, representados por EUA e UE, em cortar as ajudas aos seus agricultores, os chamados subsídios.

Amorim acredita, no entanto, que a negociação ainda pode ser salva, apesar do que classificou como "erro estratégico da UE e dos EUA" na reunião de Potsdam, ao exercer muita pressão sobre os países em desenvolvimento.

"Nós temos que dar a nossa contribuição no caso de produtos industriais e serviços, mas não podemos inverter a equação. A agricultura está no centro da Rodada Doha, e se o resultado que tivermos em subsídios agrícolas e em acesso a mercados dos países ricos não for satisfatório, não haverá Rodada", destacou.

Na avaliação do ministro, o G 4 permitiu "diminuir consideravelmente o fosso que havia" nas negociações. "Ainda existe um hiato importante, mas já estamos mais próximos do que poderia ser um resultado. Os pontos sensíveis e as resistências estão mais claros".

Questionado sobre as expectativas do Brasil em relação à presidência portuguesa da UE, o chefe da diplomacia brasileira destacou dois pontos, além do lançamento da parceria estratégica, que considera um marco. "Desejo que durante a presidência portuguesa se finalize a Rodada Doha, pelo menos as grandes linhas, e que sejam relançadas as negociações Mercosul-União Européia".

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