América do Sul vive “desintegração energética”

A América do Sul está vivendo uma fase de distanciamento entre os governos e desintegração energética diante das políticas desencontradas de vários países e do fracasso da nacionalização na Bolívia. O alerta é a da Agência Internacional de Energia (AIE), que publicou na quinta-feira (18) um relatório sobre o tema, em Paris. Segundo o documento, os paradoxos são tantos na região que projetos de gasodutos estão sendo abandonados, apesar dos recursos abundantes.

Para a agência, a falta de gás na América do Sul transformou-se em problema “endêmico”, e a demanda no Brasil mais que dobrará até 2012. O País, porém, poderá transformar-se em exportador de gás, dependendo do resultado da exploração das novas reservas de Tupi e Júpiter. A AIE, entidade controlada pelos países ricos, aponta que a Bolívia está dependente hoje do Brasil e, por isso, tentando acertar um pacto com Brasília. Com a promessa de que a Petrobras invista no País, daria preferência ao mercado brasileiro sobre o argentino no fornecimento de gás.

De acordo com o relatório, o crescimento da produção de gás na Bolívia está estagnado e dificilmente o país conseguirá atrair os investimentos necessários para cumprir os contratos assinados nos últimos anos com Argentina e Brasil. A agência estima que o país terá de investir US$ 3,5 bilhões até 2012 para entregar o gás prometido. Isso equivale aos investimento dos últimos 12 anos. Diante da confiança baixa dos investidores no país neste momento, a meta seria difícil de ser atingida.

O problema, para a AIE, é que a demanda de gás no Brasil cresce mais rápido que a produção nacional e deve dobrar até 2012, em comparação a 2006. Por isso, a estratégia é diversificar as fontes e incrementar a produção nacional. “Em 2007, 40% do fornecimento de gás vinha da Bolívia. Mas com a instabilidade política no país e o processo de nacionalização, o Brasil freou seus esforços para incrementar a capacidade de importação do gasoduto.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.