Alto preço derruba vendas do GLP

Rio  – O consumo de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, está em queda no País. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), os dois primeiros meses do ano registraram retração de 7,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Para especialistas e executivos, o alto preço do produto é um dos principais motivos para a redução no consumo, ao lado da competição com o gás natural (no caso dos consumidores comerciais e industriais).

O volume de vendas vem caindo mês a mês desde setembro. Em fevereiro, de acordo com dados da ANP, foram 865,3 mil metros cúbicos, as piores vendas do produto nos últimos quatro anos. Os números sobre março e abril ainda não foram divulgados pela agência, mas, segundo o presidente da Federação Nacional dos Revendedores de GLP (Fergás), Álvaro Chagas, a queda de consumo acumulada no primeiro trimestre chega perto dos 15%.

O gás de cozinha é altamente sensível às variações de preço por abastecer a população de baixa renda, diz relatório da Ultragaz, uma das maiores distribuidoras brasileiras, que ontem divulgou seu balanço do primeiro trimestre do ano.

Criado no início de 2002 para amortecer o peso do produto para as famílias mais pobres, o vale-gás nunca teve seu valor aumentado. Hoje, compra um quarto de botijão por mês. Segundo estimativas do mercado, um botijão fica hoje cerca de 50 dias, em média, nas mãos do consumidor, contra uma média de 35 dias em meados da década de 90. A previsão é de que este número salte para 65 dias nos próximos anos. Apesar de trazer prejuízos para as empresas, a queda do consumo tem impacto positivo na balança comercial, já que cerca de 30% do gás vendido no País é importado.

A Ultragaz atribui a queda do consumo ao “período difícil” pelo qual passou no início deste ano. Pelos cálculos da empresa, houve uma retração de 6% em suas vendas neste trimestre, causada pelo alto preço do produto na saída da refinaria, que subiu cerca de 80% no ano passado.

Chagas diz que já se esperava uma queda no consumo até 2005, provocada também pelo baixo consumo dos fogões modernos. “A queda só está sendo antecipada por causa do preço alto”, avalia. Ele alerta para a possibilidade de uma crise no setor ainda este ano, pois a revenda está com altos estoques e pode ter dificuldades para pagar seus fornecedores.

Segundo a ANP, o preço do botijão de gás nos pontos-de-venda subiu 54,7% desde o fim de 2001. Este ano, foi o único combustível que ainda não teve seu preço reduzido pela Petrobras. No entanto, a estatal já reduziu duas vezes o preço do GLP para uso comercial e industrial, vendido a granel ou em cilindros maiores do que o botijão de 13 quilos.

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