Alta do dólar volta a puxar preços ao produtor

A valorização do dólar frente ao real voltou a acelerar os preços na indústria da transformação em abril. Embora não tenha sido a única causa da aceleração na taxa do Índice de Preços ao Produtor (IPP), que saiu de 1,04% em abril para 1,38% em maio, o câmbio ajudou a puxar os preços de setores importantes, como alimentos, outros equipamentos de transportes, papel e celulose, fumo e outros produtos químicos, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).

“Todos os produtos que são exportados, quando o dólar se valoriza, a gente converte para reais, e eles ficam mais caros por isso. É o caso do suco de laranja, por exemplo”, observou Alexandre Brandão, gerente do IPP no IBGE. “Aviões são exportados com preço em dólar, e também a celulose”, acrescentou. No caso de outros produtos químicos, a contribuição de 0,30 ponto porcentual no IPP do mês deveu-se também aos preços mais altos do petróleo no mercado internacional, o que puxou a contribuição de 0,15 ponto porcentual do setor de refino de petróleo e produtos de álcool em abril.

Já o impacto de 0,53 ponto porcentual do setor de alimentos teve influência de produtos de exportação, como suco de laranja e carnes de bovinos refrigeradas, mas também da quebra de safra da soja, que pressiona os preços internacionalmente. “Há uma dúvida sobre a safra da soja este ano, então os preços estão subindo”, afirmou Brandão.

Em relação ao fumo, que teve a maior variação de preços na passagem de março para abril (7,95%), além do câmbio, houve influência do reajuste de preços devido ao aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre o cigarro.

“No fumo, uma razão para o aumento é o câmbio, porque é muito exportado. Os contratos são em dólar, então tem o efeito de alta da moeda. Mas tem também a entrada em vigor do decreto do governo, que determinou o aumento da alíquota do imposto sobre o cigarro. Então já tem um aumento de preço por conta desses acréscimos”, explicou o gerente do IPP. “Abril foi um mês em que os setores de um modo geral aumentaram preços. Foi uma alta generalizada.”

Na direção oposta, a queda de 2,18% nos equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos levou a uma contribuição negativa de 0,07 ponto porcentual à taxa do IPP de abril. “Antes do Dia das Mães, houve um aumento de preços para aproveitar as vendas em função da data. Foi o que aconteceu com os telefones celulares, que agora voltaram a ficar mais baratos”, apontou Brandão.