Alta do dólar pode encarecer a comida

Porto Alegre – Os supermercados esperam que a cotação do dólar retorne ao nível dos R$ 3,00 nos próximos dias, o que evitaria a pressão por reajuste de preços dos produtos importados ou daqueles fabricados com insumos dependentes da moeda estrangeira, analisou ontem o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira. “Se não houver reversão (do dólar), poderemos ter conseqüência nos preços, mesmo sem espaço para reajuste”, comentou Oliveira. Segundo o dirigente, tanto a indústria quanto os supermercados dispõem de estoques para um determinado período de oscilação da moeda.

Oliveira divulgou ontem o Índice Nacional de Vendas dos supermercados, que aponta alta de 1,69% em abril, ante o mesmo mês de 2003 – deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O índice reúne informações de 128 empresas e mostrou o primeiro resultado positivo após 11 meses em queda. As vendas da Páscoa, a segunda melhor data do ano para os supermercados, estimularam o desempenho de abril.

A venda a prazo – inclusive de ovos de chocolate – foi importante para o setor, disse Oliveira. “O pagamento a prazo é um mal necessário.” No ano passado, a venda a prazo representou 48% do total, conforme o ranking do setor. Se a média foi essa durante o ano, Oliveira estimou que na Páscoa deve ter superado 60%, nas diversas formas de pagamento a prazo.

Se por um lado a estratégia favorece as vendas, por outro ajuda a comprimir a margem dos supermercados. A margem líquida do setor caiu de 1,7% em 2002 para 1,6% em 2003 – estava em 2% em 2001. O aumento da carga tributária e das tarifas administradas, além da taxa de juros elevada, também contribuiu para essa redução, avaliou Oliveira.

O dirigente observou também que alguns segmentos da indústria mostram expansão e, como o varejo reage com algum atraso, o desempenho de abril pode estar sinalizando o começo dessa retomada. Em termos nominais, as vendas de abril subiram 6,31% em relação a março e 7,04% ante abril de 2003. No primeiro quadrimestre, o índice continua apresentando queda, em termos reais, de 1,33% em comparação com o mesmo período de 2003.

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