Alta da tarifa de ônibus fez subir a inflação

A tarifa de ônibus foi a grande vilã da inflação e dos preços administrados e monitorados em abril, em Curitiba. O aumento, de R$ 1,70 para R$ 1,90, ocorrido no início do mês, fez com que abril fechasse com alta de 1,96% nos preços administrados. Se a tarifa não tivesse aumentado, haveria deflação de 0,35%. Também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que medem a inflação, sofreram grande impacto por conta da passagem de ônibus, segundo o economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos no Paraná (Dieese-PR).

“O transporte coletivo respondeu por 90% da inflação medida em abril em Curitiba”, afirmou Cid. O INPC local foi de 1,07%, enquanto o IPCA, 0,72% – índices mais elevados do País e bem acima dos números nacionais, de 0,41% e 0,37%, respectivamente. O economista Sandro Silva lembrou que o aumento da passagem de ônibus (11,76%) vai refletir ainda em maio, uma vez que o novo preço não entrou em vigor no 1.º dia do mês passado. Desde o início do ano, o transporte coletivo em Curitiba já aumentou 15,15%, enquanto o salário mínimo teve reajuste de 8,33% – passando de R$ 240,00 para R$ 260,00. Os preços administrados e monitorados acumulam no ano alta de 4,64% e, nos 12 meses, 5,61%.

Outras variações

Além do transporte coletivo, tiveram alta a gasolina (0,11%) e o álcool (2,41%). Por outro lado, apresentaram queda o gás de cozinha (-0,70%), o pedágio para o litoral (-9,95%) e o diesel (-0,29%). Os outros 11 itens que compõem a cesta não apresentaram variação de preço. Segundo Sandro Silva, a queda no preço do gás de cozinha se deve à concorrência. Para ele, no entanto, o produto deverá apresentar alta este mês, por conta do reajuste de 1,23% por parte das distribuidoras. A queda da tarifa do pedágio é algo que também pode se reverter, uma vez que se trata de decisão judicial.

Sobre a alta do dólar e o reflexo na economia brasileira, Cid Cordeiro afirmou que a variação poderá resultar no aumento de tarifas públicas. “Se o dólar continuar nesse novo patamar – acima de R$ 3 – poderá pressionar o mercado de atacado através da elevação do IGPM (Índice Geral de Preços de Mercado), que é o indexador das tarifas”, explicou.

Expectativas

A expectativa para os preços administrados e monitorados em maio é de alta semelhante à ocorrida em abril. Segundo estimativas baseadas na primeira semana do mês, a variação já está acumulada em 2,12%, por conta do resíduo da alta da passagem de ônibus (2,89%), e pequena alta da gasolina (2,12%), observada nas bombas. Também o álcool vem apresentando aumento. “Tudo vai depender da política de preços que será adotada pelo governo federal com relação à oscilação do petróleo”, apontou Sandro Silva.

Em junho e julho, as variações positivas devem se repetir. É que no final do mês que vem acontece o reajuste da tarifa de energia elétrica e do telefone. Além disso, os alimentos devem ficar mais caros, por conta das condições climáticas.

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