Alimentos continuam pressionando inflação

Brasília

– A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) apontou ontem que as pressões de preços de produtos alimentícios sobre os indicadores de inflação deverão continuar em 2003, apesar da previsão de colheita de uma safra de grãos e de fibras de 110,6 milhões de toneladas no ano.

Na avaliação da entidade, a situação delicada do abastecimento do milho no mercado interno deverá se manter, o que trará impacto nos custos dos produtores nacionais de aves e suínos. Para este e outros itens, o quadro não se normalizará enquanto prevalecer a “volatilidade da taxa de câmbio” e a ausência de uma política estoques, avisa a CNA.

“O frango, que era a ave padrão do governo Fernando Henrique Cardoso, teve seu preço elevado em mais de três vezes”, afirmou o presidente da CNA, Antônio Ernesto Salvo. “Precisamos que o novo governo ajude na comercialização da nova safra”, completou.

A colheita da safra agrícola de 2002/2003 começa em março, mas seu impacto positivo na redução dos indicadores de preços ao consumidor depende de um possível recuo na taxa de câmbio. A desvalorização do real garantiu maior competitividade externa aos grãos produzidos no Brasil, potencializada pela recuperação nos preços internacionais de alguns segmentos, como o da soja.

Mas, ao mesmo tempo, a desvalorização tornou ainda mais proibitiva a importação de produtos que se tornaram mais escassos no mercado interno, como milho. De acordo com a CNA, as dificuldades relacionadas a esse item, que serve de insumo para outros segmentos do agronegócio, aumentam com a perspectiva de uma segunda queda consecutiva na área plantada.

Se as perspectivas são preocupantes em termos de abastecimento e de inflação no Brasil, as exportações agropecuárias devem ganhar mais fôlego e elevar o saldo comercial do setor. O superávit do agronegócio em 2002, estimado em US$ 20 bilhões, deverá alcançar US$ 25 bilhões, no ano que vem.

As vendas externas do complexo soja, em 2003, deverão atingir US$ 7,5 bilhões, o que representa um aumento de 31,6% em relação à estimativa de embarques de US$ 5,7 bilhões neste ano. A CNA estima ainda que os exportadores de carne bovina tenderão a manter sua participação no mercado internacional no próximo ano, o que significa vendas em torno de US$ 1,1 bilhão.

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