Ajuda às montadoras só com redução de preços

O governo quer uma contrapartida do setor automotivo antes de liberar um pacote de ajuda às montadoras: a redução no preço dos carros novos. Segundo o ministro do Trabalho, Jaques Wagner, o governo espera por esse gesto antes de liberar um plano emergencial para aliviar a crise do setor automotivo.

O ministro disse que as montadoras agem de forma contrária a outras empresas, que reduzem seus preços quando enfrentam períodos de dificuldade.

Em seis meses o aumento médio nos preços dos veículos populares (até 1.000 cilindradas) da General Motors, da Volkswagen e da Ford foi de 8,86%. No mesmo período, os populares da Fiat subiram 8,80%.

Ele também criticou a decisão da Volkswagen de anunciar a criação da autovisão para realocar um excedente de 3.933 funcionários.

Segundo o ministro, o anúncio sobre a existência desse excedente foi feito num momento importuno, uma vez que o mercado está num período de pré-lançamento de novos modelos de veículos, o que derruba as vendas do setor.

A General Motors também realizou ajustes em seu quadro de pessoal. A montadora cortou 450 funcionários da fábrica de São José dos Campos (interior de SP) e colocou 150 no sistema de lay-off (afastamento temporário do trabalho) em São Caetano (ABC paulista).

Pressão

Ao contrário dos sindicalistas da CUT, o ministro não encara a decisão da Volks criar a Autovisão como pressão para agilizar a liberação de um pacote de ajuda para o setor automotivo.

Jaques Wagner evitou detalhar o pacote de ajuda para o setor. Segundo ele, o governo vem negociando o assunto com a Anfavea (associação das montadoras) e Sindipeças (sindicato das autopeças) desde o início deste ano.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que a proposta de ajuda ao setor automotivo ainda não está fechada.

Segundo ele, o governo ainda está avaliando alternativas possíveis para ajudar a resolver o problema do setor.

GM promove “ação contra governo Lula”

São Paulo (AE) – O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, Mauri Tenório, qualificou como uma “ação política contra o governo Lula” o anúncio divulgado anteontem pela General Motors de demissão de 450 trabalhadores na unidade de São José dos Campos (SP).

Para ele, a intenção da montadora é de forçar o governo federal a realizar acordos que contemplem a redução de impostos e juros para estimular as vendas do setor no curto prazo. “Se os pátios estão lotados em 160 mil unidades, como dizem as montadoras, por que reajustaram tanto os preços dos carros? Só em julho, a GM já aumentou os preços em 2,5%”, questionou.

O sindicalista, ligado à Força Sindical, desconsiderou, no entanto, a possibilidade de a unidade da General Motors de São Caetano do Sul promover demissões nos próximos dias após o anúncio de ontem dos cortes em São José dos Campos.

Tenório informou que a unidade do ABC possui cerca de 7,5 mil funcionários (número não confirmado pela montadora) e a GM abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV) na semana passada com o objetivo de promover 350 desligamentos. Até anteontem, segundo o sindicato, 70 pessoas haviam pedido demissão.

“Aguardamos os resultados do PDV e esperamos que isso não se torne um PDO -Programa de Demissão Obrigatório”, comentou. “Fica difícil evitar os cortes porque a adesão ao PDV depende do critério e interesse do próprio trabalhador. Agora, se a empresa demitir por iniciativa própria, não aceitaremos de braços cruzados”, garantiu.

O Sindicato e a montadora também acertaram um afastamento temporário (lay-off) de 150 trabalhadores, que ficarão fora do trabalho por seis meses e receberão 80% dos seus rendimentos mensais. Tenório explicou que na terça-feira da semana passada (15), os metalúrgicos promoveram uma assembléia na porta da fábrica para pedir a suspensão do PDV, mas a montadora não recuou e manteve o programa.

Para o sindicalista, a reativação da indústria automotiva depende, fundamentalmente, da retomada das câmaras setoriais, fórum em que governo, empresários e trabalhadores fariam acordos para redução de impostos e preços dos veículos e, dessa maneira, estimulariam as vendas.

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