Os advogados da Renault do Brasil e do Sindicato dos Metalúrgicos concordaram em adiar a audiência marcada para ontem, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT/PR), para tratar da paralisação ocorrida na última quinta-feira na fábrica de São José dos Pinhais. As partes pediram prazo de 30 dias para buscar uma solução conciliatória antes do julgamento do dissídio coletivo de greve ingressado pela montadora, que considerou o protesto ilegal e abusivo. Os sindicalistas alegam que a manifestação de um dia teve o objetivo de pressionar o governo a intermediar as negociações com a Renault. Nova audiência está prevista para 12 de setembro.

Na semana passada, a montadora abriu um PDV (Plano de Demissões Voluntárias) para 140 operários, que foi rejeitado pelos trabalhadores. Na quinta-feira à noite, após os protestos dos funcionários, a empresa suspendeu o PDV. Porém anunciou um programa de incentivos financeiros e de assistência de recolocação para os colaboradores que se interessarem no desligamento. Até ontem, os empregados não tinham recebido informações sobre esse programa. “Se eles tem uma proposta, nos interessa ouvir, mas até agora nenhum trabalhador tem conhecimento”, relata o sindicalista Paulo Pissinini.

A Renault informou, através da assessoria de imprensa, que este plano de incentivos financeiros já está aberto. “Quem quiser pode aderir. A diferença em relação ao PDV é que não há prazo nem meta de adesões”, explica a assessoria de imprensa. Porém a empresa não soube dizer quais seriam os benefícios ofertados.

Os metalúrgicos aguardam nova rodada de negociações sobre os empregos da Renault. “Em nenhum momento negamos a possibilidade de demissões. O fato político foi contra o PDV. O governo entendeu que isso não era socialmente correto e a empresa voltou atrás. O que houver de saída para as demissões, vamos brigar”, afirma Pissinini. “O governo do Estado mostrou interesse em abrir uma comissão tripartite. Tomara que cumpra”, enfatiza o sindicalista.

Paralisação

Nesta semana, não haverá produção nas unidades de veículos de passeio e de veículos utilitários (esta, em parceria com a Nissan), em São José dos Pinhais. Com isso, 325 veículos deixam de ser fabricados por dia e 1.950 de ontem a sábado. Apenas a fábrica de motores do Complexo Ayrton Senna continua operando. A parada técnica foi uma das ações adotadas pela Renault para tentar reduzir o estoque de 16 mil carros no pátio. No primeiro semestre, as vendas da montadora francesa no mercado interno recuaram 18%. Em julho, a Renault perdeu o quinto lugar de participação para a Peugeot.

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