Depois de experimentar um mês de março com fortes vendas, as indústrias paranaenses tiveram, em abril, um período de ajuste e venderam menos 7,9% que no mês anterior, conforme pesquisa divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

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Setores como os de móveis, produtos de metal e veículos automotores sentiram o fim dos benefícios fiscais, que duraram até o final do terceiro trimestre. Todos tiveram queda de mais de 25% nas vendas.

A queda, porém, não chega a preocupar a Fiep. Isso porque, na comparação com abril do ano passado, o resultado deste ano ainda tem uma taxa positiva de 7%. No acumulado do primeiro quadrimestre, também há crescimento, de 3,7%, em relação ao mesmo período de 2009. A taxa, inclusive, avançou mais de um ponto percentual em relação à obtida no primeiro trimestre, que foi de 2,6%.

O economista Roberto Zurcher, do Departamento Econômico da Fiep, lembra que abril tem, tradicionalmente, números inferiores a março. Este ano, ainda, as datas comemorativas da Semana Santa caíram naquele mês, somando-se ao feriado de Tiradentes, ajudando a diminuir o ritmo das vendas.

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Zurcher também destaca o índice positivo do setor de máquinas e equipamentos, que já cresceu 35,9% no acumulado do ano. “As indústrias estão comprando para aumentar a produção”, explica.

Além disso, ele ressalta que dois outros indicadores de abril mostram uma tendência de crescimento na produção, nos próximos meses: as compras da indústria aumentaram 0,3% e o nível de emprego, no setor, subiu 2,3%, ambos em relação a março.

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No quadrimestre, as aquisições de insumos também tiveram alta, de 10%. Já o emprego cresceu 2%, ante o mesmo período do ano passado. Outro número animador destacado pelo economista é o da utilização da capacidade instalada da indústria, que em abril ficou em 80%. No mesmo mês do ano passado, a taxa era três pontos percentuais menor. A média deste ano, segundo ele, está cinco pontos melhor que a do ano passado.

“São sinais de que a crise está começando a ser plenamente superada”, afirma, prevendo que, se tudo continuar nesse ritmo, os números de junho já repitam os do mesmo mês de 2008.

Ainda, caso o crescimento continue constante, o economista prevê que as vendas acumuladas em 2010 até superem as de dois anos atrás, que foram, historicamente, as melhores da indústria. “Com isso, teremos perdido dois anos para voltarmos ao patamar de 2008”, ressalta Zurcher.

Setores

As maiores quedas nas vendas, ante março, foram nos setores de móveis (-29%), produtos de metal (-28%) e veículos automotores (-25%). Por outro lado, o segmento de confecções cresceu 2,8%, e o de alimentos, que tem o maior peso no índice geral, sentiu a entrada da boa safra e vendeu 1,9% mais. O setor, no entanto, ainda acumula queda de 3,7% no ano.

Na mesma comparação, os setores de edição e impressão (-25%) e produtos químicos (-10%) foram os outros que venderam menos. Os melhores índices ficaram com couros e calçados (77%), metalurgia básica (52%) e artigos de borracha e plástico (42,5%).