A compra por indução

Já ouviram falar que alguns comerciantes colocam pessoas circulando dentro da sua loja, como se estivessem comprando, usando esse artifício como isca para outros compradores? Pois é, isso existe e funciona.

Os pseudos compradores ficam por ali, solicitando coisas das prateleiras, remexendo em cestos de saldos, atraindo outros compradores potenciais.

Movidos pelo exemplo, acreditando que se alguém está comprando é porque ali há bons produtos, ou bons preços, as pessoas entram na loja e terminam por levar alguma coisa, por vezes mesmo algo que não precisam ou não teriam comprado sem a indução velada.

Isso não acontece somente em lojinhas e com pessoas menos avisadas. O homem é um ser competitivo e também sabemos que objetos de alto valor também são comprados por indução. Quer um exemplo clássico? Jóias. Porque a amiga ou a cunhada tem, porque todas as pessoas de classe têm, porque…

Algo mais valioso também pode ser comprado por indução? Com freqüência. Prédios inteiros foram vendidos em horas, assim que a construtora começou a citar nomes de compradores famosos. Claro que foram usados como iscas e beneficiaram-se disso de alguma forma.

Feiras de carros, então, são armadilhas perfeitas.

Brasileiros são indubitavelmente apaixonados por carros. Mesmo aqueles que não têm um, podem citar ano, marca, modelo, potência do motor e detalhes técnicos de muitos modelos.

Dia desses tive a oportunidade de presenciar, numa dessas feiras, várias pessoas fazendo cadastro para adquirir um veículo financiado, cuja prestação mensal ficaria em torno de R$ 485,00 durante 60 meses. Renda mensal média: R$ 1.000,00.

A “sobra” será usada para comer, morar, pagar todas as contas que agora têm companhia: o seguro, o IPVA, licenciamento, despachante, etc.

A mesma coisa na hora de preencher um formulário para análise de crédito para financiamento habitacional. Depois de listar todas as despesas pessoais/familiares, no papel sempre sobra um saldo.

Então segue-se o seguinte diálogo entre o analista de crédito e o proponente:

Qual seu valor de reserva pessoal?

No momento não disponho.

E como pretende arcar com o valor da parcela?

Aí a gente dá um jeito, economiza.

Em que item?

Ah! Lazer, viagem, combustível.

Por vinte anos?

O que quero ressaltar, na verdade é: são muitas as armadilhas de consumo, as propostas de marketing. Então, sempre cabem as perguntas: preciso verdadeiramente desse produto? Quais as opções que tenho?, antes de tomar a decisão da compra por impulsão induzida.

Esteja atento.

Joana Del Guercio

é consultora em Finanças Pessoais, realizando cursos e palestras abertas ou in company. Jornalista e gerente de banco por 4 anos, quando adquiriu a experiência que pauta seus artigos. E-mail:
joanaguercio@hotmail.com.br 

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