20 milhões na lista negra da Serasa

São Paulo  – A inadimplência dos consumidores continua em alta e cerca de 20 milhões de brasileiros têm hoje alguma pendência financeira, de acordo com dados da Serasa. O Indicador de Inadimplência mostra que houve um crescimento de 5,9% nas dívidas não-pagas entre janeiro e setembro. Segundo Carlos Henrique de Almeida, economista da empresa, o crédito vem crescendo mas as pessoas têm trocado uma dívida velha por outra nova, a fim de retirar seus nomes das listas de inadimplência.

“A taxa de inadimplência está crescendo menos, mas ainda não é uma notícia tão boa. As pessoas ainda estão tomando crédito para pagar dívidas e continuam tendo de abrir mão de consumir. O problema maior é a queda de renda e ela só se resolve a médio prazo. Por enquanto, a preocupação do governo é gerar emprego e a recuperação da renda deve ficar para 2005”, diz ele.

Nada menos do que 36% das dívidas não pagas nos primeiros nove meses do ano foram feitas com o uso de cheque, pré-datado ou à vista, com valor médio de R$ 378,36. Em segundo lugar aparecem as dívidas com cartão de crédito e financeira, com 33% do total e valor de R$ 228,77. As dívidas feitas junto a instituições bancárias – cheque especial, CDC e até cartão de crédito emitido pelos bancos – representam 29% da inadimplência e o valor médio é mais alto, de R$ 938,01. A menor representatividade é a dos títulos protestados, com participação de 2% e valor médio de R$ 555,43.

Almeida lembra que o ritmo de aumento de inadimplência está em queda em todos os segmentos, mas observa que a participação das dívidas bancárias no total é crescente: passou de 24% em 2001 para 29% em 2003. O cheque devolvido percorreu trajetória inversa e a participação caiu de 43% em 2001 para 36% este ano.

Na avaliação do economista, falar em redução mais consistente da inadimplência só será possível no primeiro trimestre de 2002, com a esperada retomada da economia. Será preciso ainda observar o movimento do Natal, já que muitos consumidores se prepararam para ir às compras a prazo saldando dívidas não pagas anteriormente. de janeiro a agosto deste ano, a cada cem pessoas que se tornaram inadimplentes 75 conseguiram sair. No mesmo período do ano passado, a cada cem apenas 45 se livraram do calote. “As dívidas foram honradas com sacrifício do consumo”, diz Almeida.

Boa parte da inadimplência deste ano foi explicada pela facilidade de crédito no fim do ano passado, quando os lojistas decidiram aumentar prazos de pagamento e afrouxar os controles. A baixa atividade econômica, que causou mais desemprego e corroeu a renda, fez com que a dívida se tornasse impagável para muitos consumidores.

O economista explica que a inadimplência das empresas também subiu – a alta foi de 4,7% de janeiro a setembro, na comparação a igual período de 2002 – mas a base é muito menor, já que as pessoas jurídicas evitaram se endividar.

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