É hipocrisia não admitir que aborto é questão de saúde pública, diz ministro

Brasília – O ministro da Saúde, José Ramos Temporão, disse não ser pessoalmente favorável ao aborto, mas defende a discussão pública sobre o tema, já que, segundo ele, "existe um problema de saúde pública". "Fingir que isso não existe é uma atitude hipócrita", avaliou o ministro, ao participar nesta terça-feira (10) de uma audiência pública na Câmara dos Deputados.

O ministro afirmou que, em 2006, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 220 mil curetagens (coleta de restos de tecido do útero). Segundo Temporão, não é possível saber quantos desses procedimentos foram resultado de aborto em situação insegura. Mas o número indica que o assunto tem de ser discutido dentro de uma política de direitos sexuais e reprodutivos.

"Eu não levantei essa questão, eu levantei a questão de política de direitos sexuais e reprodutivos", disse, referindo-se à sua declaração sobre o assunto. Em reunião com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, há duas semanas, o novo ministro discutiu a possibilidade de legalização do aborto. Segundo Temporão, a legalização possibilitaria a redução do número de mulheres mortas em decorrência de abortos mal-sucedidos. Na ocasião, ele defendeu que seja feito um plebiscito para que a população apresente sua opinião sobre o tema.

Católicos, evangélicos e espíritas fizeram uma manifestação ontem (09), em Fortaleza, contra a legalização do aborto em frente a um ginásio onde estava o ministro Temporão. Parlamentares também já haviam criticado o ministro. Já o grupo feminista Católicas pelo Direito de Decidir avalia que é um avanço para o Brasil reconhecer a necessidade de discutir com a população a legalização do aborto.

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