É Dia Internacional… da Mulher!

O Carnaval deste ano foi repleto de músicas, se é que podemos chamar de músicas, em que a mulher é citada do começo ao fim, porém, de uma maneira escrachada e vulgar. Às vésperas de se comemorar o Dia Internacional da Mulher, o Carnaval mostrou, em músicas com letras agressivas e melodias pobres, que os atuais recordistas brasileiros de vendas de CDs e de execuções em rádios são homens que vêem a mulher como um objeto ou, o que é pior, um bicho no cio.

O que mais indigna é que a música que mais toca nas rádios hoje, a “Egüinha Pocotó”, além da enjoativa “Vai Serginho”, ambas do tal MC Serginho, eram cantaroladas e “reboladas” por dezenas de mulheres nas ruas e esquinas de um balneário paranaense. Será que elas não estavam ouvindo a letra da música? Ou será que ouviam e se viam representadas nela?

Acho melhor me iludir e pensar na primeira hipótese: talvez elas não estivessem pensando enquanto rebolavam. O pior é que muitas ainda deviam se sentir sensuais ao sacudir as ancas enquanto repetiam o refrão “Pocotó, pocotó, pocotó, minha egüinha pocotó …” ou se sentiam lisonjeadas de ouvir o MC Serginho dizer que queria beijar o seu…, morder o seu…, etc e tal.

O que diria sobre isso Carmem Miranda, que já foi símbolo máximo de sensualidade com sua cinturinha de pilão, mostrada sutilmente em seus conjuntinhos e vestidinhos estampados? Com certeza, ficaria horrorizada como qualquer mulher comum. Não só ela como tantas outras mulheres que se destacaram pela força, pela inteligência, pelo talento e, por que não pela beleza. E não se trata de excesso de pudor ou (falso) moralismo. A coisa é realmente muito absurda.

Tenho certeza de que esta mulher comum, que é mãe, que é dona de casa, que estuda e que trabalha, não se sente representada por uma égua, uma cachorra ou quer ser rotulada como “preparada”, como dizem outras “maravilhas” que estão nas paradas.

Precisamos de reconhecimento profissional e de ser respeitadas. Não precisamos nos igualar aos homens no sentido da liberação sexual total para mostrar que também temos libido, ou seja, que somos seres humanos normais.

Liberar geral nem faz parte da natureza feminina e só serve para que a mulher se torne ainda mais frágil. Do mesmo modo que muitas mulheres estão passando por uma involução, boa parte dos homens, com certeza não os autores dessas músicas, está em plena evolução, aprendendo a ser donos de casa exemplares e pais independentes e seguros.

O Dia Internacional da Mulher foi criado, em 1857, em homenagem a 130 mulheres que morreram em um incêndio durante greve de operárias de indústrias têxteis de Nova York. Espero que, como foi instituído, continue sendo um dia de homenagens e que continuemos tendo orgulho de sermos mulheres.

Danielle de Sisti

(turismo@parana-online.com.br) é editora do caderno Viagens e Turismo em O Estado.

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