E agora, Giba?

O que pensar a respeito de uma situação como essa. Um jogador de prestígio internacional, que sempre fez sucesso no Brasil dentro de quadra e entre os adolescentes, provocando suspiros de admiração, de repente vê o seu nome estampado nos principais jornais do mundo. A manchete, nem um pouco agradável: brasileiro Giba é pego no exame antidoping por uso de maconha.

Segundo informações do jornal italiano Gazzetta dello Sport, o paranaense Giba recebeu suspensão preventiva devido a um exame antidoping realizado de surpresa em 15 de dezembro de 2002 na Itália, logo depois que a equipe de vôlei do Estense Ferrara, onde ele joga, venceu o Padova por 3 a 2.

A amostra de urina colhida continha metabolito de THC, um subproduto do consumo de maconha. Nascido em Londrina, Paraná, em 23 de dezembro de 1976, Gilberto Amaral de Godoy Filho sempre fez grande sucesso no Brasil e desde 2001 joga no clube italiano. Na infância venceu uma leucemia e, já na juventude, um sério corte no braço que lhe rendeu mais de 100 pontos. Atualmente separado da mulher, Giba é pai de dois filhos. E agora, como apagar essa informação que caiu como uma bomba?

O COI (Comitê Olímpico Brasileiro) prevê até dois anos de suspensão pelo uso da substância. Na Itália, a punição para um caso semelhante, da norte-americana Keba Phipps, do Bergamo, foi de dez partidas, cerca de dois meses, em 2002. A pena máxima no país é de quatro meses.

Apesar do resultado ter mudado para sempre a imagem do atacante da seleção brasileira de vôlei, eu acho importante considerar que isso em nada compromete os resultados conquistados durante a sua carreira. Afinal, todo mundo sabe que a droga não é estimulante e o uso representaria uma perda no desempenho do jogador. Mas, mesmo assim, eu pergunto por quê? Por quantos outros exames ele já não teria passado? Se sabia das conseqüências, por que arriscar, já que vivemos numa sociedade conservadora e preconceituosa, principalmente dentro do esporte?

Será que valeu a pena arriscar uma carreira para sempre? Por enquanto Giba não se manifestou sobre o caso, mas assim como eu, muitas pessoas estão esperando uma declaração do atleta. Não para mudar o que já foi comprovado, mas para que possamos entender melhor o que leva um atleta, considerado padrão de saúde e disposição, a fazer uso de uma substância proibida.

É certo que a divulgação de casos como esse de Giba em nada ajuda e nem mesmo mudará o que esse excelente atleta conquistou até hoje dentro do esporte. A minha maior indignação é como alguém que sempre demonstrou maturidade e responsabilidade se arrisca dessa maneira e entra para a lista negra do esporte como tantos outros atletas. O psicólogo Gilberto Gaertner, que integra a comissão técnica da seleção masculina do Brasil, acha que o caso não deve manchar a imagem do jogador. “Devemos lembrar que, antes de mais nada, ele é um ser humano, sujeito a dificuldades emocionais próprias do esporte de alto rendimento”.

Andréa Pereira (reporter11@parana-online.com.br) é repórter da editoria de Esportes em O Estado

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