Dívida cambial no Brasil nunca foi tão pequena: 15,79% do total

O governo Lula conseguiu nos seus primeiros 18 meses reduzir em R$ 110,8 bilhões o estoque da dívida pública interna atrelada à variação da taxa de câmbio. A chamada exposição cambial da dívida chegou em junho ao nível mais baixo da série histórica de dados mantida pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central: 15,79% do total do endividamento. Para julho, o BC prevê novo recorde, com queda para 14%. A expectativa é de que, no final do ano, a relação chegue a 13%. Essa queda é importante porque mostra uma diminuição da vulnerabilidade das contas públicas a um eventual aumento das cotações do dólar.

O estoque da dívida cambial – formada por títulos públicos e contratos ligados ao dólar mantidos pelo BC, chamados de operações de swap cambial – caiu de R$ 230,5 bilhões em janeiro de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo, para R$ 119,7 bilhões em junho passado. Os dados foram divulgados hoje (21) pelo Ministério da Fazenda. Eles mostram ainda que a dívida mobiliária total, que inclui também títulos atrelados a outros indexadores, fechou o mês em R$ 758,19 bilhões, com aumento de 1,31% sobre o estoque registrado em maio.

Nesse primeiro ano e meio do governo, a redução da exposição cambial ocorreu paulatinamente, com o resgate dos títulos cambiais e contratos de swap, que não vêm sendo renovados, e também com a valorização do real frente ao dólar. “A redução do passivo cambial é uma meta que continua sendo buscada”, disse o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab) do BC, Sergio Goldenstein. De janeiro até agora, o Banco Central refinanciou apenas 4,3% do valor dos títulos e contratos de swap que venceram no período. Com essa baixa rolagem, o governo resgatou do mercado US$ 22 bilhões ao longo destes sete meses. Esse valor já supera todo o resgate feito em 2003, que totalizou US$ 19,1 bilhões.

Segundo Goldenstein, a redução da exposição da dívida à variação da taxa de câmbio tem contribuído para melhorar a chamada percepção de risco da economia brasileira pelos investidores internacionais e agências de rating. O chefe do Demab lembrou que a exposição cambial chegou a bater em 40% do total da dívida em setembro de 2002 e estava em 37% no início de 2003. Naquele período, as dúvidas com relação ao futuro do País, em meio às eleições presidenciais, fizeram com que o dólar chegasse a R$ 4,00, elevação que teve impacto direto no estoque da dívida cambial. “A redução da exposição cambial é indicador sempre bem-visto pelas agências de avaliação de risco”, destacou o coordenador-geral de Administração da Dívida Pública, Paulo Valle.

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