Dispersão explica crescimento morno da produção industrial

A indústria brasileira prossegue com taxas de crescimento moderadas porque há uma "dispersão dos ritmos setoriais", com desempenhos muito heterogêneos entre os diversos segmentos, de acordo com o chefe da coordenação de indústria do IBGE, Silvio Sales. Em novembro passado, o crescimento de 0,8% na produção industrial ante outubro foi muito marcado pelo desempenho dos segmentos de matérias-primas e insumos (bens intermediários), segundo ele.

Nessa base de comparação, 14 dos 23 segmentos que têm séries sazonalmente ajustadas registraram crescimento na produção e os destaques positivos foram, nessa ordem, em termos de peso no resultado final, refino de petróleo e produção de álcool (4,6%); outros equipamentos de transporte (caminhões, ônibus, aviões, com 10,1%); bebidas (4,9%); outros produtos químicos (1,8%) e indústria extrativa (2,2%).

Os destaques negativos entre as atividades, em novembro ante outubro, foram veículos automotores (automóveis, autopeças, com -1%); metalurgia básica (-0,7%); perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-1,4%) e vestuário (-2,1%).

O bom desempenho de bens intermediários nos resultados da produção industrial de novembro pode sinalizar um aumento na produção de bens finais "a frente", segundo Sales. O coordenador do IBGE explica que como não há sinal de acúmulo de estoques no setor, o bom resultado dos intermediários, que tem peso de 57% no total da produção industrial, torna-se mais relevante. Mas ele alerta que é preciso esperar os resultados de final de ano das vendas de comércio para confirmar como estão os estoques industriais para o início de 2007.

A produção de bens intermediários cresceu 1,6% em novembro ante outubro e 3,2% ante novembro de 2005. Na comparação com igual mês do ano anterior, um dos destaques de intermediários foi a reação de adubos e fertilizantes, segmento que vinha sofrendo com a crise agrícola mas mostrou aumento de 15% na produção no mês.

Outros destaques nessa base de comparação, em intermediários, foram petróleo e gás (4,1%), extrações de minerais ferrosos (especialmente minério de ferro, 12,4%), insumos para construção civil (4,1%) e cimento e clínquer (6,7%).

Informática

A produção de máquinas para escritório e equipamentos de informática cresceu 54,5% em novembro ante igual mês de 2005 e foi o principal destaque, entre as atividades pesquisadas, nos resultados da produção industrial no mês.

Silvio Sales, disse que esse segmento foi beneficiado durante todo o ano de 2006 pelo câmbio, que barateou os componentes, e pelos programas de inclusão digital. Essa atividade foi também o principal destaque no desempenho acumulado da produção da indústria de janeiro a novembro, período em que registrou um crescimento de 52,8%.

Bens de capital

A produção de bens de capital para indústria acelerou em novembro e cresceu 13,9% na comparação com igual mês de 2005. O chefe da coordenação de indústria do IBGE disse que esse desempenho, em conjunto com o aumento das importações de bens de capital, mostra "um sinal de expansão do investimento dentro da indústria".

A produção de bens de capital como um todo foi destaque nos resultados da indústria em novembro e cresceu 2,2% ante outubro e 7,9% ante novembro de 2005. Na comparação com igual mês do ano anterior, além de bens de capital para indústria, apresentaram ótimo desempenho também os bens de capital para energia (7,2%) e para uso misto (que inclui equipamentos de informática como computadores e monitores, com aumento de 17,5%). Os destaques negativos foram bens de capital para agricultura (-7,7%, acumulando uma queda de 18,7% na produção de janeiro a novembro) e para transporte (-2,7%).

As importações de bens de capital, segundo lembrou Sales, aumentaram, em quantidade, 34,5% em novembro ante igual mês de 2005 e 28,6% no acumulado de janeiro a novembro. Sales disse que as importações desse segmento são especialmente de bens de capital para indústria, o que acentua os sinais de investimentos no setor mostrados pelo crescimento na produção desses equipamentos na indústria nacional.

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