Dirigente de ONG não acredita na redução do preço dos medicamentos

Brasília – A proposta da Central Internacional para a Compra de Medicamentos (Cicom) de utilizar os recursos arrecadados para tentar diminuir o preço de medicamentos usados no combate a aids, malária e tuberculose pode não funcionar. A avaliação é de Michel Lotroswka, da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais da organização-não governamental Médicos sem Fronteiras (MSF).

"São apenas propostas que podem funcionar quando há um mecanismo de concorrência já desenvolvido, porque a proposta deles é tentar influenciar o mercado através de negociações de preços e através de um novo poder aquisitivo importante no mercado. Nossa visão é que esse poder aquisitivo não é tão grande assim", explicou.

De acordo com o embaixador da delegação do Brasil junto a Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, Carlos Antonio da Rocha Paranhos, a previsão é de que a central comece a funcionar com cerca de US$ 300 milhões de recursos oriundos do Brasil, França, Chile, Noruega e Reino Unido. Porém Michel Lotroswka não acredita que esse volume de recursos seja suficiente para diminuir preço de medicamentos. "Esse poder aquisitivo não vai ser maior do que o do Brasil, que gasta mais ou menos esse valor só em anti-retrovirais e não consegue negociar bem", argumentou.

Lotroswka acredita que os mecanismos tradicionais para baixar o preço dos remédios não vão funcionar enquanto houver o sistema de patentes. A organização sugere que a questão da patente seja tratada como "um problema" durante a Primeira Reunião Plenária do Grupo-Piloto sobre Mecanismos Inovadores de Financiamento do Desenvolvimento, que acontece até amanhã (7), em Brasília. "No documento de trabalho do grupo-piloto distribuído hoje durante a plenária, aparece uma vez a palavra genérica e nem uma vez a palavra patente intelectual", lembrou.

Para o representante da ONG Médicos Sem-Fronteiras, "não há fundo nenhum que possa convencer as empresas a vendar os remédios por um preço mais barato quando elas são as únicas detentoras do mercado". Ele sugeriu que seja feito um "pool de patentes", que permita a empresas de genéricos produzir sem medo. "Seria um incentivo grande para a industria de genéricos, mas isso pede uma atuação política, que talvez não esteja ainda pronta", afirmou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo
O conteúdo do comentário é de responsabilidade do autor da mensagem. Ao comentar na Tribuna você aceita automaticamente as Política de Privacidade e Termos de Uso da Tribuna e da Plataforma Facebook. Os usuários também podem denunciar comentários que desrespeitem os termos de uso usando as ferramentas da plataforma Facebook.