A falsificação do Dossiê Cayman respingou no ex-diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti, e no diretor da Interpol no Brasil, Washington Mello. Os dois também são réus no processo. Segundo o Ministério Público, eles atuaram para neutralizar uma falsa denúncia, mas terminaram escondendo um documento importante. Chelotti reuniu-se com o então secretário executivo do Ministério da Justiça, Milton Seligmann, para esclarecer um documento que, já se sabia, era falso.
Era um fax endereçado a Washington Mello – uma certidão em inglês assinada por Emerick Knowles, advogado da empresa CH, J & T off shore das Bahamas – garantindo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu ministro da Saúde, José Serra, e o ex-governador Mário Covas nada tinham a ver com o negócio. Era uma espécie de certidão emitida pelo representante da empresa, mas não citava o ministro Sérgio Motta. Os falsificadores queriam que a omissão deixasse dúvidas sobre a participação de Motta, como concluíram na reunião na casa de Seligman.
Chelotti, então, recebeu a ordem de ir às Bahamas e trazer o original do documento para divulgá-lo, na tentativa de dirimir qualquer dúvida sobre Motta. “Mas, a divulgação do documento não esclarecia totalmente o caso, deixava dúvidas sobre o Sérgio Motta”, diz Cholotti ao Estado. Em vez de entregar o papel aos delegados, o ex-diretor da PF disse que, quando voltou das Bahamas, entregou o original do documento, que isentava os três tucanos, a Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente preferiu não se manifestar.
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