Belo Horizonte – O ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu (PT-SP), acusou hoje (21) o PSDB de não possuir um programa alternativo ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dirceu afirmou ainda que acredita que o prefeito de São Paulo, José Serra, será o candidato escolhido pelos tucanos para enfrentar Lula na sua eventual candidatura à reeleição. O ex-ministro, no entanto, disse que, "do ponto de vista do enfrentamento eleitoral", não vê "grande diferença" entre Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
"O PSDB é engraçado. Se você observar, não tem divergência programática, não tem divergência de proposta, não tem divergência de idéias. Eles não estão apresentando nada para o País", afirmou Dirceu, em entrevistas coletiva e à Rádio Solar em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. "Eu pergunto: qual é o programa? Eu não sei até agora. Eles já se consideram nomeados presidentes do Brasil, os dois (Serra e Alckmin). É um pouco de desrespeito também à sociedade".
Dirceu ironizou o processo de escolha do candidato tucano, comandado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, não será FHC que irá "escolher" o próximo presidente da República. "O Fernando Henrique já foi (presidente durante) oito anos e não foi muito bem não. O povo não gostou não. É só fazer pesquisa para ver".
Para o ex-ministro, somente um "fato muito imprevisível" como uma atitude bastante intransigente do governador paulista, exigindo a realização de prévias no partido, irá impedir a candidatura de Serra. Dirceu aproveitou para rebater as declarações do prefeito, que ontem (20) acusou o governo de praticar populismo cambial. "Eles mantiveram um câmbio real no País, (durante) cinco anos um por um. Quebraram o País".
Segundo ele, para os petistas, a reeleição de Lula é uma questão prioritária, embora o presidente ainda aguarde o fim do prazo legal para anunciar a candidatura. Na sua avaliação, Lula tem, no mínimo, 40% dos votos do eleitorado nacional. O ex-ministro repetiu que vai trabalhar como "cidadão e militante" na eventual campanha à reeleição.
Corrupção
O ex-ministro também não deixou de atacar FHC, afirmando que ele não tem "muita autoridade" para falar de corrupção no governo Lula. "Porque o governo dele não é lá um exemplo de governo honesto". Fernando Henrique disse recentemente que a "ética do PT é roubar", provocando a ira do partido.
Dirceu acredita que o PT e o PSDB podem aprovar uma série de medidas para impedir que haja corrupção no País. "Essa é uma boa bandeira. Acho que todo candidato devia apresentar um programa das medidas que vão tomar para impedir o caixa 2 no Brasil e para combater a corrupção".
Sobre as acusações que pesam contra ele, o ex-ministro voltou a dizer que quer ser investigado para provar que é inocente. "Corrupção na administração pública federal existe. As denúncias foram feitas, estão sendo apuradas e os responsáveis precisam ser punidos. Agora que o governo promoveu a corrupção, se associou a ela, se omitiu ou prevaricou, não há nenhuma prova muito menos contra o presidente da República. Então, quando o ex-presidente Fernando Henrique fala, ele está generalizando para uso político eleitoral".
Itamar
Em Juiz de Fora, Dirceu participaria à noite das comemorações dos 26 anos do diretório municipal do PT. Ele também teria um encontro reservado com o ex-presidente Itamar Franco (PMDB). O ex-ministro defende uma aliança de Lula com o PMDB na próxima eleição presidencial e considera que o apoio dos peemedebistas é a "chave" da sucessão.