Difamação encomendada

Acusar o presidente Lula de beberrão, pau d’água e cachaceiro é um desrespeito, principalmente quando a voz obtusa, caluniadora e mal-intencionada vem do território ianque. Quem são eles para apontar o dedo em riste contra o nosso presidente, quando o deles vive balbuciando palavras desconexas? Eis que surge uma dúvida: afinal, Bush é um asno ou suas trapalhadas resultam da falta de domínio próprio, conseqüência de maus hábitos?

A matéria do correspondente Larry Rohter, do Times, ofende não só ao  presidente, mas a todos os eleitores de Lula. No entanto, afirmar que Bush também bebe, não pode ser considerada injúria. Para o presidente norte-americano é muito mais grave o fato dele ser protestante, orar em público e falar aos quatro cantos da Terra em renovação espiritual. Será que ele ora pedindo a Deus uma bênção sobre a garrafa ou que ele realize um milagre retirando o álcool de seu conteúdo?

O problema de Lula beber ou não é único e exclusivo dele e não cabe aos ianques se intrometerem em questões internas do Brasil. O Times afronta aos brasileiros porque as eleições aqui foram legítimas, enquanto lá a fraude chegou a galope dando a vitória a Bush. O Times ultraja nossa pátria porque, em vez de o Brasil enviar soldados ao Iraque, lá aterrissou Sérgio Vieira de Mello a fim de auxiliar na pacificação do país. O Times magoa o sentimento verde-amarelo porque, em vez de o Brasil ficar provocando guerras ao redor do planeta, ele almeja um mundo de paz.

O Times não tem moral para difamar Lula. Quem é citado no site da CIA como receptor de matérias desse organismo sádico, não tem qualquer moral. Sequer o ex-fraudador de matérias do Times, Jayson Blair, teria feito pior.

As acusações posteriores do governo do “Reino do Norte” contra o Brasil de que este viola a liberdade de imprensa ao cancelar o visto de Rohter, são improcedentes, demagogas e hipócritas. Quando os jornalistas investigavam a venda de armas ilegais para países do Oriente Médio, logo após os atentados de 11 de setembro de 2001, subsecretário (sempre o sub) de Defesa dos Estados Unidos, Pete Aldridge Jr., proibiu a todos os fornecedores de equipamentos militares conversar com jornalistas, fossem eles de lá ou do estrangeiro. Em seguida, Bush também proibiu que parlamentares repassassem qualquer informação à imprensa. A explícita violação da constituição do país desencadeou uma série de atos truculentos contra a mídia. O FBI confiscou cinco horas de gravação de dois jornalistas. O filme mostrava as torres e a esplanada pouco antes dos desabamentos. Dois chefes de redação que ousaram desafiar os poderes públicos foram demitidos. Ron Gutting, do City Sun, e Dan Guthrie, do Daily Courier, criticaram a linha dura de Bush e ficaram sem emprego. Quem violou primeiro a liberdade de imprensa?

E afinal, quem é o patético secretário de Defesa Donald Rumsfeld? Tanto ele como a outra secretária de Bush, Condoleezza Rice, trabalharam na Rand Corporation, o maior complexo de pesquisas em equipamentos militares no mundo. Você acredita que o objetivo dessa guerra suja contra os iraquianos era somente retirar Saddam Hussein do “trono babilônico”?

O erro de Rohter se resume ao fato de ele não haver feito a lição de casa, básica no jornalismo de qualidade e credibilidade. Rohter consultou apenas um lado do problema. Sua visão crítica se fixou em um ângulo da questão. Ele não ouviu as demais partes envolvidas, especialmente o presidente de República e sua mulher, a primeira-dama Marisa Silva. Portanto, não adianta espernear agora pelo “leite derramado”.

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