Diário Oficial traz demissão de Palocci “a pedido”

O Diário Oficial da União de hoje publicou, na primeira página, a demissão do agora ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. No texto, um detalhe: a exoneração teria sido "a pedido" – ou seja, Palocci teria pedido para sair. Na verdade, a carta de demissão do ministro foi exigida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, o atual governo tem por hábito tentar suavizar as crises com um jogo de palavras: exonerações a pedido em vez de simples demissão.

O D.O de hoje traz, além da demissão de Palocci, a do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso – outro que teve a demissão exigida por Lula, mas saiu no veículo oficial como outra exoneração a pedido. Na terça-feira, dia das demissões, o líder do governo no Senado, Aluízio Mercadante, fez questão de dizer que o presidente Lula teria tomado a atitude de "afastar" os dois para manter o "Estado de direito".

A leitura do D.O. dá outra impressão: ninguém no atual governo é demitido, por mais denúncias de corrupção ou confusões em que estejam envolvidos. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu também teria pedido para sair, segundo a publicação do D O. do dia 20 de junho de 2005. No entanto, no final de semana anterior à sua saída, Lula o chamou para uma conversa na Granja do Torto e deixou claro ao ex-ministro que deveria sair.

Nem mesmo o pivô do primeiro escândalo de corrupção no governo Lula, Waldomiro Diniz, saiu do governo demitido, de acordo com o Diário Oficial. Uma edição extra do D.O. do dia 14 de fevereiro de 2004 publicou a exoneração de Waldomiro também "a pedido". Waldomiro era subchefe de assuntos parlamentares da Casa Civil e um dos principais assessores de José Dirceu. Flagrado pedindo propina a Carlos Cachoeira, empresário da área de bingos, saiu do governo imediatamente – mas "a pedido".

Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci e suspeito de estar envolvido nas negociações do grupo de Ribeirão Preto, também pediu para ser exonerado, de acordo com o D.O. Assim como Marcelo Sereno, ex-chefe de gabinete de José Dirceu na Casa Civil, suspeito de envolvimento na arrecadação de dinheiro de empresários de bingos para a campanha do PT à Presidência em 2002.

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