Deputados petistas saem insatisfeitos de encontro com Palocci

As explicações do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, sobre as medidas econômicas do governo Luiz Inácio Lula da Silva não convenceram a bancada do PT, na reunião de hoje. A ala mais radical do partido saiu insatisfeita do encontro, continua criticando as propostas do governo, como a reforma da Previdência, e não gostou da cobrança de Palocci para que a bancada se preocupe mais com projetos de desenvolvimento para o País e deixe de lado as críticas à política monetária e fiscal.

“Ele (Palocci) tentou desqualificar o nosso debate em relação ao aumento dos juros e do superávit dizendo que isso não é preponderante. Mas não somos crianças e não viemos aqui para ser enquadrados”, reclamou João Batista Araújo (PT-PA), mais conhecido como Babá, de uma das correntes mais radicais do partido. “Ele só respondeu com sofismas e ficou falando que a gente dava muita importância ao debate sobre política de juros”, disse o deputado Lindberg Farias (PT-RJ).

Uma das cobranças mais contundentes feita pelos radicais do partido foi a demissão de diretora de Fiscalização do Banco Central, Teresa Grossi. “Não tem sentido ela continuar no cargo”, disse o deputado Walter Pinheiro (PT-BA). Segundo ele, o ministro ponderou que nada pode ser feito agora porque o Senado está em recesso. A diretoria do BC precisa ser sabatinada e ter seus nomes aprovados pelos senadores. “Palocci deu um prazo de 30 dias para voltarmos a discutir o assunto.”

Para Pinheiro, o ministro também não acabou com dúvidas dos parlamentares. E lembrou que a bancada do PT na Câmara e no Senado precisa ser ouvida porque caberá a ela defender e votar as propostas de interesse do governo. “É essa bancada aqui que vai ajudar a governar o País. Então é melhor que ele explique tudo”, afirmou.

Palocci ficou no encontro da bancada do PT por cerca de duas horas. Como a reunião começou atrasada e o ministro tinha outros compromissos, não foi possível que todos os deputados inscritos fizessem perguntas a Palocci. Foi feito um sorteio e apenas dez deputados puderam interpelá-lo.

“A reunião foi insuficiente, com limitação metodológica e cronológica”, reclamou o deputado Chico Alencar (PT-RJ). Uma das mais irritadas foi a deputada Maria José Maninha (PT-DF), que abandonou a reunião na metade: “Esse encontro não vai acrescentar nada porque não vai haver debate profundo”.

O presidente do PT, José Genoíno (SP), criticou o comportamento dos deputados que deixaram a reunião. “Quer dizer que só fico se tiver sendo contemplado?”, reagiu Genoíno. Ele defendeu a política econômica que vem sendo implementada pelo governo, a liberdade de opinião e de expressão dos deputados, mas avisou que a bancada terá de votar unida, para não contaminar a base aliada.

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