Era para ser a reabilitação do Coritiba e o impulso necessário para ganhar moral e eliminar o Caxias pela Copa do Brasil na quarta-feira. Só faltou combinar com o Iguaçu que, mesmo modesto, viu que o Alviverde não estava muito interessado em trabalhar e só não ganhou a partida por que não quis. O time de União da Vitória não deve ter acreditado na preguiça do Coxa e saiu satisfeito com o empate por 2 a 2, 17 anos depois de ter pisado pela última vez no gramado do Couto Pereira, apesar do sufoco que deu no time da capital no final da partida. Mesmo assim, o time de Guilherme Macuglia entrou na zona de classificação do Campeonato Paranaense.
Depois da babada geral do presidente Giovani Gionédis na derrota para os gaúchos na quarta-feira, o que se esperava era um time com mais vontade de jogar e apagar a má impressão deixada na competição nacional. Não foi isso o que aconteceu.
A garotada voltou a ganhar força, teve o apoio da torcida, o gramado estava aparado, o tempo estava nublado e, excetuando ser um domingo de Carnaval, o Coritiba tinha tudo para golear.
Com jogadores para lá de rodados e alguns visivelmente fora de forma, o Iguaçu ficou atrás, esperando o Alviverde.
Esperou tanto que viu Douglão atrapalhar um chute de Juninho e ainda ter tempo de dar uma bicicleta para abrir o marcador dentro da grande área. O zagueirão, inclusive, dava as cartas na defesa e no ataque. Mas, o time coxa ficou tocando a bola para lá, para cá e nada. Até Ozéia roubar uma bola em seu campo e sair com tudo, ir até à linha de fundo e cruzar para Edmílson só completar. Parecia a goleada formada.
O treinador alviverde até aproveitou para ?testar? Túlio no lugar de Rodrigo Mancha no segundo tempo.
Como futebol é coisa séria, o Coxa pagou pelo menosprezo ao adversário. Após Keirrison displicentemente perder um gol feito, que seria o fechamento do caixão do time de União da Vitória, Túlio entrou e a casa caiu. Primeiro, o rotundo Abimael, mas muito habilidoso, cobrou falta para o minúsculo Ígor fazer de cabeça. Vendo que dava, o Iguaçu foi para cima e mandou ver na pressão.
No desespero, China cometeu pênalti no pesadão Tom e foi expulso. Com precisão, Abimael empatou.
Com um a menos e precisando da vitória, Macuglia tirou o sempre regular Pedro Ken para apostar em Geraldo, totalmente fora de ritmo e ainda trocou Carlão por Eanes, que teve boa chance para desempatar, mas parou no bom goleiro Colombo.
Técnico tenta encontrar explicações
Para o Macuglia, os problemas do Coritiba são a inexperiência e a falta de liderança dentro de campo. ?Isso é um fator preponderante e a direção está trabalhando nesse sentido e nós estamos passando por essa dificuldade enorme?, apontou o treinador.
De acordo com ele, os jogadores ainda estão se conhecendo e isso tem prejudicado o desempenho da equipe. No empate de ontem contra o Iguaçu, o Alviverde entrou em campo com sete jogadores formados em casa e que não passavam dos 21 anos.
Mesmo assim, ele também ressalta que o pênalti e o desperdício de gols também influenciaram para a derrocada coxa.
?O China se precipitou um pouco e prejudicou naquele momento.
As oportunidades criadas também, porque se a gente fizesse o 3 a 0 definiríamos o jogo. Essas são situações que se apresentam para uma equipe jovem e que precisam ser trabalhadas?, destacou Macuglia. Contra o Caxias, o treinador acredita que tudo pode ser diferente. ?Perante a nossa torcida, temos a obrigação de errar menos. A equipe tem feito os gols, tem saído na frente, mas não tem conseguido manter o resultado?, finalizou.
Desfalques
O atacante Ígor fraturou a mão esquerda no treinamento de sábado e ficará seis semanas longe dos gramados.
Já o lateral-esquerdo Daniel Cruz sofreu uma lesão de grau um na coxa direita e terá que parar por duas semanas. Em compensação, os meias Juliano e Caíco começam a trabalhar com bola hoje e podem ser usados no confronto de quarta-feira contra o Caxias, no Couto.
Macuglia nos últimos suspiros
A diretoria do Coritiba deve mandar o técnico Guilherme Macuglia embora hoje e apostar no experiente Antônio Lopes para a seqüência da temporada. Tudo para tentar se recuperar no Campeonato Paranaense e não passar mais um vexame e ser eliminado na primeira fase da Copa do Brasil. A decisão deverá ser tomada assim que o presidente Giovani Gionédis subir a serra e se reunir com o restante da diretoria e com a coordenação de futebol.
Se, no entanto, o atual treinador ganhar mais uma chance, será obrigado a passar pelo Caxias para se manter no emprego.
?Hoje (ontem), não tem mais nada porque a diretoria está na praia. Amanhã (hoje), é outro dia?, disse João Carlos Vialle, coordenador de futebol do Alviverde. De acordo com ele, isso quer dizer que Macuglia ainda é o treinador da equipe, mas não garante a permanência dele em caso de um fracasso na quarta-feira, contra o Caxias. ?Realmente, se na quarta-feira o Coritiba não se classificar, fica uma situação muito difícil para a comissão técnica e para o clube, que pretende ter uma boa participação na Copa do Brasil. Mas isso é uma conversa para daqui a 72 horas e espero que não se concretize?, ponderou Vialle.
Se, nas entrelinhas, o dirigente já demonstra que o cargo de Macuglia está mais para lá do que para cá, nos bastidores do Coxa a situação é bem mais clara. Após as cobranças públicas e pesadas de quarta-feira passada feitas por Gionédis, o time se comportou de maneira até pior, o que deve desencadear as mudanças e não só na comissão técnica. Mais uma lista de dispensas já está sendo preparada e deve coincidir com a chegada de um novo profissional para o comando técnico.
O preferido de Gionédis, que não foi localizado pela reportagem, é Antônio Lopes. A torcida e parte da diretoria têm ojeriza ao ouvir esse nome, mas o Delegado seria o pulso firme necessário para controlar o ímpeto da piazada e fazer os ?reforços? justificarem sua contratação. A amigos, Lopes confirmou que foi convidado, mas espera que alguns assuntos internos do clube sejam resolvidos. Se Gionédis conseguir dobrar as resistências, traria o Delegado e uma comissão inteira para assumir o barco e repetir o mesmo trabalho deixado em 2003/2004.
CAMPEONATO PARANAENSE
1.ª Fase – 11.ª Rodada
Local: Couto Pereira
Árbitro: Cláudio Luiz Pacheco
Assistentes: Divar Santos e Sidmar dos Santos
Gol: Douglão aos 7 e Edmílson aos 40 do 1.º tempo; Ígor aos 18 e Abimael aos 32 do 2.º tempo
Cartão amarelo: Cidão, Douglão, Keirrison, Abimael
Expulsão: China aos 31 do 2.º tempo
Renda: R$ 24.025,00
Público pagante: 2.222
Público total: 3.161
Coritiba 2 x 2 Iguaçu
Coritiba
Café; China, Douglão, Ozéia e Carlão (Eanes, 37 do 2.º); Rodrigo Mancha (Túlio, 18 do 2.º), Juninho, Pedro Ken (Geraldo, 34 do 2.º) e Marlos; Edmílson e Keirrison. Técnico: Guilherme Macuglia
Iguaçu
Colombo; William (Tom, 1 do 2.º), Ciro e Carlão; Erivélton (Toni, 35 do 2.º), Alex Lopes (Edvaldo, 1 do 2.º), Cidão, Abimael e Givanildo; Ígor e Jacozinho. Técnico: Orlando Bianchini