Denarc apreende 420kg de cocaína de chefão do tráfico em SP

Após quatro meses de investigação, a polícia paulista apreendeu no fim de semana 420 quilos de cocaína, em Itu (SP), e prendeu integrantes de uma quadrilha que tem conexões com as Forças Armadas Revolucionárias (Farc) da Colômbia. Foram presas cinco pessoas, entre elas João Baptista de Faria, de 40 anos, irmão de Claudair Lopes de Faria, de 35, acusado de ser um dos dez principais traficantes do Estado e vender 1 tonelada de cocaína por mês.

Em São Paulo, a polícia informou que Claudair é ligado ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e utiliza seus aviões para transportar cocaína da Colômbia para o Brasil. A informação, porém, não foi confirmada por autoridades fluminenses.

Quando soube das prisões, Claudair ligou para o delegado Everardo Tanganelli, do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), para negociar a libertação do irmão e dos cúmplices. A quadrilha usava uma chácara na estrada vicinal na altura do km 68 da Rodovia Castelo Branco como base de distribuição da droga. A cocaína estava em tambores enterrados nos fundos do imóvel, que tinha um pequeno laboratório para refino de cocaína. Os policiais apreenderam maconha, 35 celulares, balanças para pesar droga, máquina para contar dinheiro, 3 pistolas e 1 revólver.

Além de Faria foram presos Francine Cardoso de Almeida, de 30 anos, Alex Sandro de Souza, de 23, C.S.J., de 17, e Clodemir Monteiro, de 21. Detido no domingo, Monteiro contou que Claudair estivera no local na noite anterior e seguira para a capital com uma namorada. Claudair telefonou quatro vezes para Tanganelli. Insistiu que se entregaria se os comparsas fossem libertados. Na última ligação, voltou atrás e afirmou que não voltaria para a cadeia.

A polícia, no entanto, já gravara por quatro meses telefonemas de Claudair. Neles, descobriu suas conexões com o tráfico internacional. Apurou, por exemplo, que o bandido deve US$ 2,5 milhões para as Farc. ?Numa das conversas ele disse que  com a venda dos 420 quilos, pagaria parte da dívida?, explicou Tanganelli.

Claudair é conhecido como Dudu e CL. Nascido em Ribeirão Claro (PR), morou no Rio, onde teria ficado amigo de Beira-Mar e passado a integrar a facção Comando Vermelho.

Foragido de uma prisão de Curitiba, em 1995, após ter sido preso com 40 quilos de cocaína, Claudair se tornou um dos ?patrões? da droga no Estado: vende pó e maconha na Grande São Paulo, Baixada Santista e em 50 favelas da capital. Para libertar um comparsa, financiou a fuga de 106 presos da Casa de Detenção, em 8 de julho do ano passado. E mandou matar duas pessoas em Chavantes, interior, para vingar a prisão de um amigo.

Claudair usava celulares de fabricação holandesa para escapar do rastreamento. Tinha dois celulares via satélite pré-pagos com cartões, que dão direito a 20 minutos de conversa ao custo de US$ 1 mil cada um. Mesmo assim a polícia grampeou telefonemas que mostram o grau de violência do bandido. Num deles, ele faz ameaças a um traficante. ?Eu já matei 30 e mandei matar outros 50. Trate de arranjar o dinheiro.?

O diretor do Denarc, Ivaney Cayres de Souza, informou que investiga a ligação de Claudair com quatro homicídios, registrados em Pirituba, zona oeste da capital, Osasco (SP), Santo Antônio da Platina (PR) e Amambaí (MS). Nos dois primeiros casos, no ano passado, as vítimas foram advogados.

No Rio, o Ministério Público do Estado informou que Claudair não é citado nos inquéritos sobre Beira-Mar. A chefe do setor de Investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Marina Maggessi, também disse não ter informações sobre Claudair.

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