Delegado revela na CPI como dinheiro era tirado do país

Na segunda metade dos anos 90, muitos carros-fortes deixaram o país, pela Ponte da Amizade, na fronteira com o Paraguai, sem passar por nenhuma fiscalização. Essa era uma das formas adotadas por uma quadrilha brasileira especializada em tirar dinheiro do país irregularmente. Os veículos descarregavam o dinheiro em Ciudad Del Leste, no Paraguai. A rota de evasão de divisas foi revelação hoje pelo delegado Paulo Roberto Falcão, da Polícia Federeal, em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a remessa de dinheiro para o exterior, a CPI do Banestado.

Segundo o delegado, ao fazer o cruzamento de informações, o Banco Central constatou uma grande diferença entre os números declarados nos depósitos efetuados em Ciudad Del Leste e a movimentação efetiva. Os parlamentares também ouviram o delegado Euclides Rodrigues da Silva Filho, responsável pelo primeiro inquérito em Foz do Iguaçu, em março de 97.

Falcão coordena a Operação Macuco, que investiga o envio de dinheiro para o exterior entre 1996 e 1999 pelas contas CC-5, usadas por não residentes no Brasil para enviar dinheiro ao exterior. A Polícia Federal estima o valor desviado em US$ 30 bilhões. Falcão disse que, na época, o Banco Central autorizou cinco bancos de Foz do Iguaçu a receberem dólares diretamente, para facilitar as atividades de comerciantes da área de fronteira.

Os bancos eram Banestado, Auraucária, BMG, Real e Banco do Brasil, que deveriam manter registro das entradas e saídas. Mas isso não foi feito e o então diretor da área internacional do BC, Gustavo Franco, que autorizou as regras especiais, não teria tomado nenhuma atitude.

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