“Eles estão vindo! Eles estão vindo! Bolsonaro” – foi gritando essas palavras que um homem, que é delegado da Polícia Federal, invadiu e quebrou parte do equipamento de som utilizado por militantes na vigília em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas imediações da Superintendência da PF no bairro Santa Cândida. A invasão aconteceu na manhã dessa sexta-feira (4), durante o ato “Bom Dia Lula”, no qual os manifestantes cantam músicas e proferem palavras de apoio ao ex-presidente, preso na unidade desde o início de abril.
Identificado como Gastão Schefer Neto, o responsável pela invasão é delegado da Polícia Federal e conhecido pela militância contrária ao ex-presidente. Schefer também foi presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal do Paraná (ADPF) e suplente de deputado federal pelo Partido da República (PR/PR).
De acordo com a organização do acampamento, depois de quebrar as caixas de som, o homem teve de ser protegido pelos seguranças do movimento porque manifestantes tentaram linchá-lo no local. Para sair de lá, o invasor foi escoltado por policiais militares que o conduziram para fora.
Por volta das 13h, representantes do acampamento protocolaram um requerimento na Corregedoria da PF, solicitando a apuração dos fatos e a punição do invasor. No documento, o denunciante afirmou que Schefer estava visivelmente transtornado e que não só teria destruído as caixas de som como também a barraca na qual acontecia o ato em prol do ex-presidente Lula.
Integrantes do acampamento também registraram um boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial durante o período da tarde. No documento, o grupo afirma que, ao chegar ao acampamento de manhã, o delegado interrompeu as falas da deputada federal Ana Perugini (PT-SP) e da deputada estadual Márcia Lia (PT-SP) e, antes de quebrar o equipamento de som, gritou que “ia acabar com tudo” e que “não aguenta mais esse barulho”.
À Tribuna do Paraná, a Polícia Federal informou, por meio da assessoria de comunicação, que Schefer é morador do bairro Santa Cândida e que o ato teria acontecido em virtude disso. Ainda segundo a PF, a invasão não guarda relação com o cargo. Ninguém se machucou durante a invasão.
Nota de repúdio
Por meio de uma nota divulgada nas redes sociais, a administração do acampamento classificou a invasão como uma “manifestação esporádica de ódio”. No texto, o grupo afirma que o ato foi praticado por “golpistas que querem o país destruído” e por “ignorantes que não querem o jogo político baseado na disputa de ideias”.
No fim da nota, o grupo afirma que: “a Vigília Lula Livre segue organizada nas imediações da Superintendência da Polícia Federal, respeitando os acordos coletivos e o combinado com as autoridades” e que não sairão de lá enquanto Lula não for solto.
Ataque a tiros ao acampamento contra prisão de Lula deixa duas pessoas feridas