Delcídio Amaral é xingado por colega do PT

Eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios com vantagem de apenas um voto, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) passou de homem do governo na CPI a parlamentar independente, que, diversas vezes, irritou os companheiros de partido. O auge da revolta dos petistas aconteceu hoje, quando o senador conduziu a votação que aprovou o relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) sem dar ouvidos à grita dos governistas.

O mais indignado, deputado Jorge Bittar (PT-RJ), dedo em riste, xingou Amaral com um palavrão: "Filho da puta!" Se não fosse a interferência de parlamentares como a presidente nacional do Psol e líder do partido no Senado, Heloisa Helena, e o deputado Pompeu de Mattos (PDT-RS), Bittar poderia ter dado um soco em Amaral.

O senador não deixará barato: prometeu entrar com uma representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara contra Bittar por causa do insulto.

"Ele me chamou de filho da puta, vou ao conselho. Eu cumpri o regimento. Venceu o relatório do Osmar Serraglio (PMDB-PR). O PT apresentou um relatório paralelo e, quando viu que perderia, quis apresentar destaque. Não pode", afirmou Amaral.

O presidente da CPI, encerrada hoje depois de dez meses de trabalho, irritou-se com outros petistas e aliados do governo Segundo parlamentares que estavam no gabinete dele por volta das 17 horas, Amaral teve uma dura conversa com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), por telefone. Mercadante ligou para cobrar explicações sobre o fracasso nas negociações entre governo e oposição na tentativa de elaborar um texto de consenso. Amaral, por sua vez, reclamou que os petistas pediam mudanças impossíveis de serem aceitas. Mercadante negou a briga. Disse que ligou para ele "e para outros, para saber o que tinha acontecido". Mas testemunhas insistiram que a discussão foi feia.

Já no início das investigações da CPI, o presidente da CPI avisou que a comissão não seria chapa-branca. O senador atuou sempre afinado com Serraglio. Hoje, Amaral riu quando foi perguntado como votaria, se houvesse empate. Não há dúvida: votaria a favor do relatório.

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