De Midas a Duda

A parcela da sociedade que trabalha e produz riquezas, sobretudo os médios, pequenos e microempresários, cujas agruras para sobreviver são por demais conhecidas, embora a propaganda edulcorada do governo, ao exaltar uma solidariedade percebida por poucos, tem razões de sobra para extasiar-se diante da facilidade com que alguns privilegiados movimentam montanhas de dinheiro.

Não deixa também de preocupar o fato de que todo um caudal de recursos financeiros fluiu através de canais muito próximos ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, um dinheiro altíssimo pago pelo Partido dos Trabalhadores ao publicitário Duda Mendonça, chefe do marketing eleitoral de Lula na campanha de 2002.

O valor referido chegou a R$ 10,5 milhões, que mesmo após a computação dos gastos com equipamentos, técnicos e profissionais de comunicação e demais exigências requeridas na montagem de cinematográfica campanha, como foi a de Lula, eivada de requintes jamais testemunhados no Brasil, é uma soma exorbitante ainda mais em se tratando de partido que sempre se apresentou como indigente em termos de finanças.

Duda declarou à CPMI dos Correios que a formidável remuneração foi depositada na chamada conta Dusseldorf, aberta nas Bahamas a conselho de Marcos Valério de Souza, o Midas que o PT descobriu em Belo Horizonte, ?um carequinha? que fala em dinheiro como se desse em árvore, segundo o definiu o ex-deputado Roberto Jefferson.

A Polícia Federal foi atrás da verdade, cumprindo o importante papel que lhe é destinado, e concluiu pelo indiciamento de Duda Mendonça pela autoria de crime contra o sistema financeiro e evasão de divisas. O inquérito será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal e depois à Procuradoria Geral da República.

Estarrece, repetimos, pensar que a estranha e incômoda realidade do rosário de práticas criminosas perpetrado pelo colaborador contratado a peso de ouro para aplainar o caminho do ex-metalúrgico teve a cumplicidade do núcleo dirigente do PT e, desabem os céus, passou batido pelo espertíssimo Luiz Inácio.

O relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) está propenso a solicitar nova convocação de Duda Mendonça, sobretudo após a viagem aos Estados Unidos, onde se robusteceu a suspeita da existência de contas bem mais recheadas sob a égide de Tio Sam.

Voltar ao topo