De um lado da rua, sentada no barranco de terra, Maria Aparecida de Paulo parecia não se importar com o que via do outro lado. Lá, estava seu filho Marcelo de Paula Nunes, 18 anos, morto com um tiro na barriga. Maria dizia apenas que já sabia que o destino do rapaz era hospital ou cemitério.
Sem dar muito papo para a polícia, abandonou o corpo ali, deixando-o aos cuidados dos vizinhos e curiosos. O crime aconteceu por volta das 20h30 de domingo, na Rua João Falate, Abranches. Apesar da autoria parecer ser de conhecimento de todos, ninguém se arriscou a passar qualquer informação à polícia.
Um tiro foi ouvido. Marcelo caiu ao lado do muro de uma residência, quase em frente de onde morava. A mãe contou que ouviu o tiro e com voz alterada disse aos policiais militares que só falaria sobre o crime em juízo. Não quis se envolver.
Drogas
Marcelo era viciado em drogas. Capinava pela região para ganhar algum trocado e tinha desentendimentos com moradores dali. Maria Aparecida contou que, na sexta-feira, o filho foi espancado, por conta de alguma rixa, e afirmou que o assassinato não tem relação com as drogas. Entretanto, se contradisse. “Já o internei, mas ele fugiu. Fazer o quê? Foi ele que quis isso”, comentou.
Ao ver o descaso da mulher com a morte do filho, vizinhos revelaram que ela não se importou porque ambos consumiam drogas juntos. A casa onde moravam era sempre movimentada. “Enche de gente ali para consumir drogas. Por isso ela saiu daqui rapidinho. Não quis se complicar”, disse um dos vizinhos, que não quis se identificar.