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Varíola dos macacos: formas de contágio são incertos. Saiba se proteger

Foto: Freepik.

Com a notícia da chegada ao Brasil de casos da varíola dos macacos (vírus monkeypox), as pessoas querem saber onde se corre risco de pegar a doença. Como fazer para se prevenir? Será que o contágio pode ocorrer dentro do ônibus, no banheiro público, cadeira do restaurante, na faculdade, táxis ou carros de aplicativo de carona? E em Curitiba, já têm casos registrados? 

O primeiro ponto, segundo a médica infectologista Sonia Raboni, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas da UFPR, é que a doença não é nova, mas reemergente, por estar se comportando de uma forma diferente da habitual. Por isso, há muito o que se estudar sobre ela, desde quando os casos começaram a sair da chamada ligação epidemiológica com o continente africano. Daí os alertas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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“Antes, havia casos fora da África, mas todos ligados a pessoas que passavam por lá, a animais que eram transportados de lá. Agora, temos relatos de casos de pacientes que não possuem relação com aquele continente. Os primeiros alertas para a doença, inclusive, vieram do Reino Unido, de quem nem sequer deixou o país. Por isso, ainda é cedo para dar certeza sobre todas as formas de contágio”, aponta a  Sonia Raboni.

No entanto, a médica diz que as observações iniciais indicam algumas hipóteses sobre o risco de contágio. Dos mais de 1 mil casos confirmados no Brasil, quase 90% deles estão ligados às relações sexuais, quando o paciente se relaciona com mais parceiros desconhecidos. Há relatos médicos que também indicam a presença do vírus no sêmen, os quais ainda precisam ser melhor analisados. “Pelo que se apresenta, quando a doença não está relacionada ao contato sexual, ela exige um contato mais prolongado com o foco de contágio. Não é rápido como no caso da covid-19”, explica.

Sendo assim, dentro do ônibus, no banheiro público, cadeira do restaurante, na faculdade, táxis ou carros de aplicativo, o risco é baixo, desde que a pessoa mantenha os cuidados de higiene. Manter esses ambientes limpos também é fundamental. “Devemos lembrar que ainda estamos em estado de pandemia de coronavírus. Alguns dos mesmos cuidados já adotados, como uso de álcool em gel, não tocar os olhos ou a boca com as mãos sujas, continuam valendo para a varíola. Sobre a necessidade de máscara, a OMS orienta que apenas a utilizem os doentes e quem tem contato com eles. Não há ainda um dado que indique um alto risco de transmissão respiratória para toda a população”, destaca a epidemiologista.

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Por último, a Sonia Raboni explica que os sintomas da varíola dos macacos têm se mostrado mais leves do que o da varíola humana, erradicada no fim dos anos 1970. De acordo com ela, alguns pacientes não têm tido febre e as lesões (feridas com secreção) aparecem mais brandas. Porém, lesões podem aparecer nos órgãos genitais. O ciclo da doença tem sido de duas a quatro semanas. 

Em Curitiba são 21 casos confirmados, segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), emitido em 28 de julho. Até esse período, eram 49 notificações de casos para análise de confirmação, tendo na lista 41 homens e 8 mulheres. Dessa lista, saíram as 21 confirmações até o momento.  

A recomendação da SMS é que o doente permaneça dentro de casa, mantendo o isolamento e as recomendações médicas. A qualquer sinal da doença, a orientação é procurar um médico de imediato.