Nova cracolândia?

Usuários de drogas usam crack de forma descarada em escadaria lateral da UFPR

Movimentação é intensa na região e assusta empresários e estudantes da UFPR. Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

A cracolândia chegou a um dos principais símbolos de Curitiba, o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a primeira do Brasil, na Praça Santos Andrade, no Centro. Uma das entradas laterais do prédio, ao lado da escadaria, virou ponto de tráfico de drogas. Segundo universitários e comerciantes da região, o tráfico e consumo de crack é constante, dia e noite. E os traficantes têm até máquina de cartão para cobrar as vendas. O problema se agravou no fim de 2017 e, desde então, traz medo e revolta à comunidade universitária e a quem passa próximo a um dos cartões postais da cidade.

O espaço fica na Travessa Alfredo Bufren e é utilizado pela UFPR para carga e descarga de veículos no subsolo do prédio. No entanto, o portão permanece a maior parte do tempo fechado, facilitando a atuação de traficantes escondidos no acesso.

“Se chegam veículos da universidade ou policiais, eles se dispersam rapidamente. Mas voltam logo depois”, afirma José Antônio, 37 anos, gerente de uma empresa da região. Ele diz que vê diariamente pessoas comprando e vendendo entorpecentes no local. “E eles também dormem ali. É como se fosse um alojamento”, comenta o homem, que já presenciou brigas entre eles e se preocupa com o que pode acontecer em breve. “Já os vi apontando um canivete contra o outro no meio de uma briga. Então, poderiam fazer uso disso facilmente para assaltar quem passa por aqui”, alertou.

Segundo uma empresária da região que preferiu não se identificar, situações assim são frequentes. No mês de maio, por exemplo, um homem entrou correndo em sua loja para fugir de outros que estariam tentando matá-lo após uma discussão na lateral da universidade. Ela diz que foi obrigada a esconder o rapaz na tentativa de proteger a integridade física de seus funcionários. “Ele poderia ter uma faca ou alguma arma. Então, quando os outros passaram aqui perguntando se tínhamos visto esse usuário de drogas, tive que mentir”, disse.

A situação na Travessa Alfredo Bufren também incomoda clientes das empresas ao redor e estudantes da própria universidade. “Eles chegam importunando a gente de forma muito agressiva. Pedem dinheiro dizendo que é para comprar café ou comida, mas sabemos que a maioria compra crack ali no mocó, na entrada lateral da universidade”, lamentou a jovem Caroline Bastiani, 20, que cursa Psicologia no prédio histórico da UFPR e evita passar pelas proximidades do mocó. “Tento sempre desviar pelo outro lado da rua porque amigos meus já foram assaltados ali”, pontuou.

Baderna na facul