Qual critério?

Sua rua tem varrição pública? Mapa revela regional “privilegiada” com o serviço

Regional Matriz é "privilegiada" pelo serviço e existe uma explicação para isso. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Curitiba é uma cidade limpa e o orgulho da população é enorme quando o assunto é faxina nas ruas. Só que algo vem chamando a atenção dos moradores dos bairros da cidade, onde estão os varredores que utilizam uniforme de cor laranja com seus carrinhos verdes? Fácil resposta, no Centro. O questionamento surge após constatação de alguns bairros de Curitiba tem o serviço e outros não.

A Tribuna do Paraná teve acesso aos mapas da varrição das dez Regionais da cidade, onde os “laranjinhas” com carrinhos verdes e vassoura trabalham com constância semanal. Ao analisar a documentação, percebe-se que o serviço é feito com maior frequência no chamado “Anel Central”, e que outros bairros são menos atendidos. Para a execução deste serviço na cidade, são disponibilizados 435 garis que percorrem cada um deles 2 quilômetros (km) por dia, representando 19,5 mil km varridos todos os meses.  

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Com os dados oficiais, a Tribuna foi ouvir moradores de diferentes bairros da cidade que constataram que é mais fácil visualizar os garis no Centro. Felipe Pereira, morador do Ahu, reforçou que o bairro é bem limpo, e acredita que por esse motivo não vê muitos garis perto de casa. “Eles estão no Ahu, mas poderia ser mais constante. Talvez por ser um bairro limpo, talvez não tenha tanta necessidade”, disse Felipe.

Já o Jan Carlos Conceição, 52 anos, morador do Xaxim, acredita que o Centro tem mais atenção por ser um ponto turístico, e que se fosse realizada a varrição com maior frequência nos bairros, mais trabalho teria para quem deseja trabalhar. “Só vejo na Derosso, nas outras ruas do bairro não vejo. O Centro é nosso cartão postal e acho importante esse trabalho na região, mas estão esquecendo dos bairros. Abriria mais pontos de trabalho para eles”, opinou Jan.

“Só vejo na Derosso, nas outras ruas do bairro não vejo”, disse Jan Conceição. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Outra pessoa que foi entrevistada foi a Marilene Silva, moradora do Cachoeira. Segundo ela, o cuidado com o bairro é necessário para ficar ainda mais limpo. “Eu os vejo de vez em quando, não tem uma frequência. Acredito que seria importante no bairro para reforçar o trabalho tão nobre”, comentou Marilene.

Morador do Juvevê, Arion Franco, diz que outros pontos da cidade podem ser mais atendidos. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Por fim, o Arion Franco, residente no Juvevê, informou que no bairro dele não se tem tanta necessidade e que outros pontos podem ser mais atendidos. “Não vejo eles no bairro. No Juvevê não vejo tanta necessidade, mas em outros pontos poderia ter mais atenção.

“Tudo tem acompanhamento, histórico e justificativa”

Edelcio Marques dos Reis, diretor do Departamento de Limpeza Pública de Curitiba, informou que o trabalho da varrição no Centro ocorre em três turnos devido a maior rotatividade de pessoas que lá estudam, trabalham, fazem compras ou mesmo com os turistas que visitam a cidade.

“Tudo é pensando e feito com base na observação e estudo. Tudo tem acompanhamento, histórico e justificativa. No Centro, tem mais varredores pela quantidade de circulação das pessoas, turistas e comércio que de alguma forma acabam sujando as ruas. Nos bairros, também tem algumas situações que faz com que a gente coloque a varrição. Exemplos são nas vias rápidas ou maior comércio como no Sítio Cercado, Boqueirão e outros”, disse Edelcio.

Outra questão bem variável no dia a dia do gari é uma corrida de rua ou mesmo um grande show. Com o aumento significativo de pessoas em determinadas regiões, uma equipe especial é colocada no ponto para não deixar sujeira nas primeiras horas após o evento.

Posso pedir a inclusão da minha rua no mapa da varrição de Curitiba?

Pode, mas isso vai levar um estudo da prefeitura. Conforme a Lei Municipal n°11.095/2004, artigo 90, é de responsabilidade do proprietário do imóvel manter o passeio limpo, roçado e capinado, não podendo os resíduos provenientes ser encaminhados à sarjeta, leito de rua, boca de lobo ou terrenos baldios.

Vamos a um exemplo: na frente de casa tem um lindo ipê roxo que na florada faz com que as folhas e flores caiam intensamente na rua. A responsabilidade da limpeza é do cidadão. “A varrição ocorre para atender o coletivo, e não o particular. O morador pode até pedir pelo 156 e iremos verificar. Se for uma demanda justa, avalia-se. Importante reforçar que temos na cidade uma equipe de limpeza especial que faz roçada, limpa o chão e outras atribuições. Com essas pessoas, não se faz a necessidade de termos mais garis em determinados bairros que resultaria em mais custos para o município”, comentou Edelcio.

A prefeitura de Curitiba informou que irá atualizar as ruas atendidas na documentação obtida pela reportagem e que pode ser solicitada por qualquer cidadão interessado.

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