Motoristas e cobradores de ônibus fizeram um protesto na rodoferroviária de Curitiba, na tarde desta quinta-feira (16). Eles trancaram com coletivos os acessos ao redor do prédio da Urbs, na rodoferroviária, e estão fazendo uma “vinada”, uma forma mais popular de dizer que não querem que a negociação salarial dos trabalhadores com as empresas do transporte coletivo acabe em “pizza”. Eles estão cozinhando paneladas de vinas, dentro de alguns coletivos.

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No início do protesto, havia cerca de mil trabalhadores no local. Agora, mais para o início da noite, estima-se que a quantia possa ser bem maior. Por volta das 17h30, o presidente da Urbs, José Antonio Andreguetto, disse que receberia os trabalhadores para uma conversa.

Sequestro de ônibus

Inicialmente, os coletivos levados à rodoviária estavam nas garagens, sem uso. Mas, segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), integrantes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), sequestraram mais de 15 ônibus que estavam em circulação com passageiros, chegando em terminais ou pontos finais.

Há informações de que a canaleta da Avenida Presidente Afonso Camargo, em frente à rodoferroviária, também ficou bloqueada, por conta de coletivos em circulação com passageiros que forma parados pelos sindicalistas.

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Segundo o Setransp, um dos motoristas foi forçado a parar o trabalho e seguir com os manifestantes. “Funcionários das empresas de ônibus estão em delegacias fazendo os boletins de ocorrência de furto, sequestro e apropriação indébita. O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) repudia de maneira veemente o ato irresponsável e desesperado dos sindicalistas. O Setransp entende que a ação prejudica principalmente a população já que os ônibus sequestrados estavam em circulação, prestando serviço aos passageiros que mais precisam do transporte coletivo e que já enfrentavam dificuldades provocadas pela greve parcial do Sindimoc.”, diz a nota do Setransp.

Nesta sexta-feira (17), o Setransp divulgou a identificação de alguns dos ônibus que foram sequestrados pelos manifestantes. Seriam estes: biarticulado Centenário/Campo Comprido, da empresa Aurácaria Urbana; ônibus da linha Futurama, da empresa Sorriso;  dois biarticulados Santa Cândida/Capão Raso, da empresa Glória; e dois ônibus metropolitanos da empresa Viação do Sul. O sindicato das empresas de ônibus também afirmou que novamente os motoristas e cobradores estão realizando sequestros de ônibus para protestos nesta sexta.

Frota mínima

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A Justiça exigiu, durante a greve, a circulação de 40% da frota nos horários normais e 50% em horários de pico. Até a metade da tarde, a determinação, segundo a Urbs, estava sendo cumprida em Curitiba. Mas, próximo ao final da tarde, já dentro do horário de pico, a circulação dos ônibus caiu para 37%. Às 18h, a circulação chegou a 42%. Mesmo assim, ainda estava abaixo dos 50% determinados pela Justiça.

Negociação salarial

Motoristas e cobradores estão em greve porque dizem que a Urbs, a Comec e as empresas não estão dando a devida atenção à negociação salarial. A categoria pede 15% de aumento salarial e elevação do vale refeição de R$ 500 para 977. O sindicato patronal, por outro lado, quer dar apenas a correção do INPC, tanto para salários, quanto para o vale, o que corresponde a 5,43%.

O Sindimoc diz que a Urbs, a Comec e a Prefeitura já forma chamadas quatro vezes para rodadas de negociação, na Superintendência do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas não compareceram a nenhuma audiência. A Urbs se manifestou, dizendo que não compareceu por entender que a negociação é entre patrões e empregados, e que  a negociação não cabe à Urbs.

O Setransp informa que, devido ao cenário de crise, o aumento solicitado pelos trabalhadores é inviável.

Como forma de pressionar os patrões a continuarem a negociação e melhorar a oferta de aumento salarial, os motoristas e cobradores decretaram greve por tempo indeterminado e fizeram este protesto na rodoferroviária de Curitiba.