A falta de estrutura da segurança pública ficou evidente em Rio Negro, na Região Metropolitana de Curitiba, na quinta-feira da semana passada. Pela falta de policiais e viaturas das polícias Civil e Militar, o próprio juiz criminal da comarca foi buscar os réus na cadeia, com o seu carro particular, para não ter que cancelar o julgamento. A audiência foi realizada e seis pessoas foram condenadas por arrombamento de um caixa eletrônico do Banco do Brasil, no início de maio.

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O juiz Rodrigo Morillos marcou o julgamento e pediu ajuda da Polícia Militar para que os presos fossem levados ao Fórum. No entanto, a PM não tinha viaturas funcionando. Então, o juiz pediu ajuda à Polícia Civil, que também não pôde atender o pedido porque era dia de visita na delegacia e todos os policiais atediam os familiares dos presos.

Para não cancelar a audiência, o juiz pediu apoio de um PM e foi buscar os presos com o seu próprio carro. Foram necessárias duas viagens para que os quatro detentos chegassem ao Fórum. Outros dois condenados respondiam ao processo em liberdade.

Desvio

Morillos considerou o fato apenas a ponta de um problema muito maior. Ele ressaltou que, pela falta de estrutura, policiais são desviados de suas funções para serem cuidadores de presos. “Em vez do PM atender uma ocorrência, está parado no Fórum porque precisa escoltar preso. Às vezes, um preso falta à audiência porque o PM está atendendo ocorrência. Já o policial civil, em vez de investigar crimes, se ocupa cuidando da cadeia, dando assistência aos presos”.

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Morillos explicou que, se a estrutura física e humana das polícias fosse melhor, o trabalho no judiciário na condenação dos criminosos seria mais significativo e não traria a sensação de lentidão e impunidade. A Secretaria de Segurança Pública não informou se há previsão de mais policiais e viaturas para a cidade.