Mau-cheiro e fezes por todos os lados. Os moradores da Rua Alberto Balhana, no bairro Santa Felicidade, em Curitiba, estão na bronca por conta de um bueiro que vive despejando litros de água fétida há semanas. E olha que não é preciso que chova para que as duas bocas de lobo no local transbordem.

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A dona de casa Sandra Mara Bortoli, 56 anos, moradora no local há mais de 30 anos, procurou a Tribuna do Paraná para denunciar o problema que incomoda toda a vizinhança. Mesmo colecionando diversos protocolos de reclamação junto à Sanepar, os vizinhos ainda não tiveram uma resposta satisfatória até o momento. O mais comum é o pedido para aguardar o prazo da solicitação.

Moradores com problemas de saúde, que moram em duas casas próximas dali, reclamam, inclusive, que o esgoto chega a entrar dentro de suas residências.

Cansados de promessas, eles pedem uma solução. “Nosso contato com a Tribuna é um pedido de socorro. Moramos em uma rua curta, e no final dela existe um condomínio. Nós temos a informação de que eles não têm o ponto de esgoto e ligaram no sistema da nossa rua. Já pedimos para a Sanepar vir, mas o pessoal que mora lá não permite o acesso dos funcionários da Sanepar para ver onde está o problema”, disse Sandra Mara.

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Segundo ela, a própria Sanepar confirmou que fizeram a ligação na rede de esgoto e quando chove estoura tudo na rua. “Tem pessoas doentes e o esgoto está entrando nas casas. A conta de água só aumenta, porque temos que usar mais água para limpar toda a sujeira. Vem esgoto com fezes, o cheiro é insuportável, não aguentamos mais”, desabafa.

Água malcheirosa e suja chega a entrar na casa das pessoas. Foto: Arquivo Pessoal

A culpa é do vizinho?

A principal suspeita, segundo Sandra e alguns moradores, é de que o tal condomínio, localizado a alguns metros dali, seja a razão do problema. Tudo teria começado depois de sua construção e o problema foi se agravando com o passar do tempo. O local supostamente não teria ligação adequada no sistema de esgoto e estaria utilizando o sistema pluvial para descarte da água das casas.

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Com o volume de água, a tubulação não consegue vencer o escoamento e aí alaga tudo. “Eles não têm ponto de esgoto. Quando chove, é cocô na rua inteira. Deve ter umas 30 a 40 casas dentro do condomínio e (a tubulação) não vence. Chegamos a pedir para que Sanepar fosse vistoriar o condomínio, mas eles não permitiram a entrada, o que nos leva acreditar que eles estão irregulares”, explica.

“Boca aberta”

Além dos problemas com o alagamento, técnicos da Sanepar teriam ido ao local para uma primeira vistoria, mas se esqueceram de tampar a caixa de esgoto que fica em frente à casa onde moram três crianças e uma pessoa portadora de câncer. “O cheiro é muito forte, é insuportável e está na frente da casa dessas pessoas. A Sanepar não dá resposta, só dizem que estão verificando, mas até agora nada. É revoltante”, conclui Sandra.

Não precisa nem chover para bueiro verter água suja. Foto: Arquivo Pessoal

E aí, prefeitura? E aí, Sanepar?

Uma equipe da prefeitura teria sido chamada pelos moradores, mas a responsabilidade foi transferida para a Sanepar, que seria responsável pela manutenção. Por sua vez, a Sanepar responsabilizou a prefeitura por supostamente se tratar de problemas relacionados às bocas de lobo.

Em nota, a Prefeitura de Curitiba informou para a reportagem que uma equipe técnica responsável pela regional de Santa Felicidade iria até o local nesta terça-feira. Após a visita, a conclusão foi a seguinte:

“Uma equipe da Administração regional de Santa Felicidade, esteve com os moradores da Rua Alberto Balhana, na manhã desta quarta-feira (14). O problema relatado é de responsabilidade da Sanepar. Não tem nada que o município possa fazer. Os moradores foram orientados sobre  os procedimentos que devem fazer junto a Sanear. A Regional fará solicitação ao Departamento de Assuntos Hídricos, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) para realizar vistorias em todos os imóveis da rua e imediações pra identificar possíveis irregularidades de ligação de esgoto em águas fluviais”, diz a nota.

A Sanepar também comunicou que enviará uma equipe, mas que o processo de identificação do problema pode levar alguns dias.

Até o fechamento desta reportagem, os responsáveis pelo condomínio não foram localizados.