Passo histórico

Primeira vaginoplastia pelo SUS no Paraná é realizada no HC de Curitiba

Imagem aérea mostra Hospital de Clínicas, em Curitiba
Foto: Albari Rosa | Gazeta do Povo | Arquivo

A capital paranaense acaba de marcar um passo histórico na saúde pública. Na última sexta-feira (25), o centro cirúrgico do Complexo do Hospital de Clínicas da UFPR foi palco da primeira vaginoplastia realizada pelo SUS no Paraná. A cirurgia de construção vaginal integra a Linha de Atenção Especializada do Processo Transexualizador, implementada no CHC desde o ano passado.

O procedimento, que durou cerca de seis horas, foi conduzido pela urologista Natalie Tominaga junto a uma equipe de seis profissionais, incluindo anestesista, residentes e técnica de enfermagem. “Não é uma cirurgia de risco, mas é um procedimento longo e complexo, cheio de etapas”, explica Natalie.

O pós-operatório também demanda atenção especial. “A paciente fica internada no CHC por mais alguns dias, e depois segue o acompanhamento conosco por cerca de seis meses, até receber alta da cirurgia”, completa a médica.

Este marco não surgiu do dia para a noite. “É um processo de luta social das pessoas trans, e também de engajamento dos profissionais do HC, que participam dessa assistência”, conta Natalie.

Desde que a linha de cuidado foi implementada, o CHC já realizou cinco histerectomias (remoção do útero) e sete mastectomias masculinizadoras (remoção dos seios e alteração do contorno do tórax) em homens trans. O processo de habilitação junto ao Ministério da Saúde está em andamento, o que deve fortalecer e ampliar esses atendimentos, garantindo recursos específicos para essa finalidade.

A iniciativa conta com apoio tanto da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba quanto da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná, formando uma rede de suporte institucional para essa conquista.

Vale lembrar que o processo transexualizador no SUS tem uma história que começou em 2008, mas ganhou força em 2013 com a Portaria n.º 2.803 do Ministério da Saúde. Esta ampliou o entendimento de que o processo vai muito além das cirurgias, englobando atendimento multidisciplinar e uma visão integral da saúde da pessoa trans, desde a atenção primária até os serviços especializados.

No CHC, os profissionais vêm se preparando para esse atendimento desde 2017. Hoje, o hospital conta com um Grupo de Trabalho multidisciplinar que está finalizando o Protocolo Clínico Assistencial. “A realização de cirurgias de afirmação de gênero no CHC representa um importante avanço na efetivação do direito à saúde integral da população trans, pautado nos princípios da dignidade humana, do respeito à identidade de gênero e da equidade no SUS”, afirma Cássio Tondolo, coordenador do GT e assistente social do CHC.

O Complexo também mantém uma Comissão de Diversidade que trabalha no fortalecimento institucional do tema, promovendo reflexões e formações internas sobre o atendimento à população LGBTQIAPN+, com foco especial em pessoas trans e travestis.

O CHC-UFPR integra a Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação, a Ebserh administra 45 hospitais universitários federais, unindo o atendimento de pacientes pelo SUS à formação de profissionais de saúde e ao desenvolvimento de pesquisas inovadoras.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna