Quando levava o almoço para os detentos, por volta das 13h deste domingo (14), um agente carcerário foi mantido refém com estoques – armas feitas artesanalmente pelos presos na Delegacia de São José dos Pinhais. Três detentos tentavam fugir, mas um investigador que estava de plantão percebeu a movimentação e efetuou um disparo, que fez com que o trio recuasse.

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Quando estava sendo conduzido pelo trio, o agente fez um sinal para o investigador. “Ele estava atento e reagiu à situação. Foi necessário efetuar um disparo e os indivíduos retornaram”, disse o delegado Michel Carvalho. O carcereiro teve um arranhão feito pelo estoque.

Ainda de acordo com o delegado, mais de 100 presos estão abrigados na carceragem da delegacia, que tem capacidade para 36 detentos.  Depois da tentativa de fuga frustrada, os presos se rebelaram. “Começaram a chutar as coisas, chutar as grades. Com o apoio da Polícia Militar, da Guarda Municipal e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), a situação foi controlada”, explicou Michel.

Negociação

A advogada Etiane Zanoncini, que representou os detentos, intermediou a negociação com os policiais. “Eles querem melhorias no sentido das vagas, querem transferências, visitas e melhor alimentação. E também a questão do cuidado médico, porque tem pessoas até baleadas e alguns doentes que não estão tendo o devido cuidado”, afirmou.

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Segundo Etiane, o superintendente da delegacia se comprometeu a levar uma equipe médico para o atendimento desses presos na segunda-feira (15). “Eu e outro advogado acompanhamos a volta deles para as celas. Foi tudo tranquilo, eles entregaram os celulares, os cadeados e o que mais tinham em mãos”, disse. Ela disse ainda que vai protocolar um pedido na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que seja revista a situação desses detentos e para que sejam feitas melhorias na delegacia.

A guarda dos presos é considerada pela Polícia Civil como desvio de função da categoria. Foto: Átila Alberti

Dia dos Pais

A guarda dos presos é considerada pela Polícia Civil como desvio de função da categoria. A classe está em estado de greve e, entre as reivindicações, está a transferências dos detentos das carceragens das delegacias para o sistema prisional. “Isso é um problema crônico. Os policiais têm que transportar e cuidar dos presos enquanto somente enquanto são interesse da investigação. Depois a responsabilidade passa a ser de algum órgão de execução penal”, disse André Gutierrez, presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol).

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“O investigador de polícia, que muitas vezes já está fazendo uma escala abusiva de horário, está cumprindo uma função que não lhe pertence, cuidando de presos, e coloca a vida em risco para proteger a sociedade e evitar uma fuga de quase 100 presos. Que isso sirva de presente para todos os pais da sociedade paranaense”, ressaltou o delegado.